Rio responde a Costa: Entrevista "rasteira" e "hipócrita"

Rui Rio respondeu esta manhã às duras acusações que António Costa lhe fez na entrevista DN/TSF/JN deste fim de semana.
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Numa nota coloca no Twiiter esta manhã pelas 11.15, o líder do PSD reagiu à entrevista DN/TSF/JN onde o primeiro-ministro António Costa criticou duramente Rui Rio, acusando-o de estar a protagonizar uma "deriva insana" em direção ao Chega e de não ser sequer um cata-vento porque "um cata-vento ao menos tem pontos cardeais".

O líder do PSD respondeu dizendo que a entrevista foi de "nível rasteiro". E fala em "hipocrisia" também do primeiro-ministro.

"Numa entrevista de nível rasteiro, António Costa critica o meu discurso do 25 de Abril e diz que o PSD quer atacar a independência do poder judicial. Diz isto, na semana em que o Parlamento Europeu o critica pela politização que fez na nomeação do procurador europeu. Que hipocrisia!", escreveu Rio.

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O Parlamento Europeu (PE) aprovou na quinta-feira passada um relatório (sobre a quitação do orçamento do Conselho Europeu e do Conselho da UE para 2019) onde manifestou "profunda preocupação" com a nomeação de Portugal para o cargo de procurador europeu.

Num capítulo dedicado ao "Papel do Conselho na nomeação dos procuradores europeus para a Procuradoria Europeia", manifestou o PE "profunda preocupação com as revelações dos meios de comunicação social segundo as quais o Governo português transmitiu ao Conselho informações erróneas sobre as qualificações e a experiência do candidato classificado em segundo lugar pelo comité de seleção europeu, o que conduziu à sua nomeação para o cargo de procurador europeu português".

Os eurodeputados salientaram ainda que "os procuradores europeus devem ser independentes e que qualquer suspeita de intervenção de um governo nacional a favor de um candidato contra a recomendação do comité de seleção europeu teria um impacto extremamente negativo na reputação, na integridade e na independência da Procuradoria Europeia enquanto instituição".

Na entrevista DN/TSF/JN, Costa afirmou que "um cata-vento tem uma grande vantagem sobre o dr. Rui Rio: é que um cata-vento ao menos tem pontos cardeais, o dr. Rui Rio não tem. O dr. Rui Rio diz coisas que nem tem noção, presumo eu, do que está a dizer em matéria de Justiça".

Também considerou que Rio "proclama à segunda, quarta e sexta grandes princípios e depois à terça, quinta, sábado e domingo esquece-se dos princípios e lá vai na onda".

E explicou: "O discurso dele do 25 de Abril, que felizmente poucas pessoas repararam porque a sessão foi obviamente marcada pela excelência do discurso do Presidente da República, é da maior gravidade. Porque dá voz ao populismo contra a impunidade e a conclusão que tira é que é necessário dar uma machadada na independência das magistraturas, com aquela peregrina perseguição que faz ao Ministério Público e à necessidade de os políticos terem uma maioria no Conselho Superior do Ministério Público".

Salientou ainda que o líder do PSD fez "durante anos comícios contra os julgamentos de tabacaria". E depois, "em plena campanha eleitoral, quando surgiu a acusação contra o ex-ministro Azeredo Lopes dava-lhe jeito para ganhar votos, pôs os princípios na gaveta e desatou a fazer campanha e julgamentos de tabacaria".

Ou seja: "Os princípios não se metem na gaveta, praticam-se mesmo quando são difíceis".

António Costa também se referiu às aproximações entre o PSD e o Chega - exemplificando com os Açores - falando em "deriva insana" e recordando que Rui Rio "apareceu na liderança do PSD como querendo disputar o centro ao PS". Só que agora - acrescentou - "já está naquela fase de disputar a Direita ao Chega" .

"Muito mais perigoso do que o Chega é a contaminação do PSD pelas ideias do Chega. E essa contaminação surge quer no estilo de intervenção política, quer no conjunto de propostas que apresenta, quer nesta incoerência onde se diz tudo o que é popular. E isto é o que é mais perigoso nestes partidos de extrema-direita, é que vão-se infiltrando, não é organicamente, mas vão condicionando politicamente os partidos da Direita democrática", disse ainda.

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