Rio e Cotrim de mãos dadas, com um a travar o ímpeto do outro para liberalizar
A convergência para um acordo pós-eleitoral esteve lá sempre presente em todo o debate entre Rui Rio e João Cotrim Figueiredo, na SIC. "Temos tanto socialismo que a convergência não é difícil", assumiu logo no início o líder do PSD, ideia a que o rosto da Iniciativa Liberal foi beber. E terminaram da mesma maneira que começaram, a prometer amanhãs que cantam caso o centro-direita consiga a 30 de janeiro uma maioria de 116 deputados.
"Quer o IL quer o CDS são parceiros com quem o PSD facilmente se entenderá", assegurou Rio, sem privilegiar Cotrim em detrimento de Francisco Rodrigues dos Santos. João Cotrim Figueiredo mantém firma ideia de que está "disponível para construir a alternativa" ao governo socialista e não deixar cair nenhum voto na conta de António Costa.
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Num tom sempre cordial, sem decibéis exagerados, conseguiram demonstrar ainda assim as diferenças de "caminho" de um "diagnóstico" que partilham sobre o país e a velocidade com que devem partir para a sua transformação. "Porque há muitos pontos de convergência com a IL, mas há pontos de divergências. Há muitas diferenças no modelo de sociedade", afirmou o líder do PSD. A que Cotrim Figueiredo anuiu, frisando que a Rio falta o "rasgo", que a IL tem. "A solução do PSD é alternância, mas não alternativa verdadeira".
Os impostos foram o primeiro ponto de divergência no frente-a-frente. Rio destacou as diferenças de modelo defendidas nos programas eleitorais dos dois partidos. "Convergimos em descer o IRS e o IRC, mas nós mantemos o modelo que existe, com as taxas progressivas, enquanto a IL quer uma taxa única em dois passos. Ou dá um buraco orçamental de todo o tamanho ou dá uma grande injustiça, já que quem ganha mais paga o mesmo que quem ganha mesmo."
Cotrim Figueiredo defendeu o caminho para a "taxa única", argumentando que é o atual sistema de IRS progressivo que leva muitos jovens a sair do país". E sobre a redução do IRC para as empresas, que o IL quer em 15 pontos percentuais, o líder do PSD apelou à "moderação". "Se fizermos à escala que a IL propõe é o descalabro orçamental", disse, embora aceitando o argumento do líder do IL de que o crescimento económico ajudaria a compensar as perdas fiscais.
Citaçãocitacao"A solução do PSD é alternância, mas não alternativa verdadeira (...) O PSD precisa da energia reformista da IL."
E foi sempre assim. Rio a tentar pôr um pé no travão perante as propostas liberais e mais aceleradas de Cotrim Figueiredo. Sobre a privatização da TAP, que o líder social-democrata também defende, disse discordar do "nem mais um tostão" para a companhia aérea porque, argumentou, assim o Estado perderia o que já lá investiu.
Tal como discordou da privatização da RTP e da Caixa Geral de Depósitos. "Mas não é um dogma", disse, ou seja, se o banco se tornar um sorvedouro admitiu repensar esta posição. Ora, para Cotrim Figueiredo, a TAP é para "privatizar tão cedo como possível", a RTP "é uma sangria para o contribuinte" e sobre a CGD acentuou que "tem tido sucesso desde que foi intervencionada e obrigada a seguir regras iguais a bancos privados".
Também na Saúde e na Educação ficou claro que os modelos não são os mesmos entre o PSD e o IL. O líder do Iniciativa Liberal voltou a hastear a bandeira da escolha livre nos prestadores de cuidados de saúde e na Educação, mantendo o financiamento público. Ideia a que Rio se opôs com mais veemência e defendeu um Serviço Nacional de Saúde "capaz de responder" aos portugueses e que "o Estado tem obrigação de prestar serviços público de Educação de qualidade".
Divergências à parte, terminaram com troca de sorrisos e com Cotrim a garantir que "o PSD precisa da energia reformista do IL".
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