A notícia de que o social-democrata José Amaral Lopes, eleito presidente da Junta de Alvalade em 2021, pela coligação Novos Tempos, vai trocar a freguesia lisboeta por um lugar de adido cultural na Embaixada em Maputo, levou o PS a lançar ataques contra a gestão do antigo secretário de Estado da Cultura. Este responde que os opositores “deviam ter vergonha”, acusando-os de “politiquice pura e dura”..“Fugiu, literalmente, deixando a freguesia abandonada”, disse ao DN o líder da concelhia de Lisboa do PS, Davide Amado, destacando o que diz ser o mau estado em que se encontram os espaços públicos e espaços verdes da freguesia. Algo que Amaral Lopes refuta, salientando a contratação de funcionários de limpeza, bem como o “reconhecido bom trabalho” nas áreas da educação e da cultura..Após ter sido publicada em Diário da República a ida de Amaral Lopes para Moçambique, a partir de setembro, por nomeação da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, a secção de Alvalade do PS partilhou nas redes sociais, e afixou em vários locais da freguesia, um comunicado a denunciar “a premeditação da demissão”. E garantiu que os socialistas estão “preparados para oferecer uma gestão transparente e responsável”..Apesar disso, Davide Amado esclarece que o PS-Lisboa não exige eleições intercalares por Amaral Lopes ir ser substituído por Tomás Gonçalves, número 2 da lista da coligação de Carlos Moedas em Alvalade. E, face à acusação dos socialistas de que “a elevação de um dirigente não eleito à presidência desrespeita o voto dos eleitores e a renúncia em época estival viola o contrato de transparência com os eleitores”, afasta comparações com André Moz Caldas. Em 2018, meses após ser reeleito presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, o socialista, que era chefe de gabinete do ministro das Finanças, Mário Centeno, renunciou. José António Borges completou o mandato..Ao DN, André Moz Caldas marcou diferenças entre os casos. “Cumpri integralmente o meu primeiro mandato e submeti-me ao escrutínio do eleitorado. Não me furtei ao juízo dos meus concidadãos sobre o meu mandato. Também não renunciei para ir exercer funções que não exercesse já no momento da minha reeleição”, disse, garantindo que renunciar à Junta de Alvalade “foi uma das mais difíceis decisões” da sua vida política..Já Amaral Lopes, que recusa fazer o balanço da sua gestão autárquica, pois “as pessoas é que têm de o fazer”, realça que ao longo da carreira recebeu convites de governantes do PS para presidir ao Teatro Nacional D. Maria II e à EGEAC. E recorda que o presidente da Junta de Campo de Ourique, Pedro Costa, renunciou ao cargo para ser diretor-geral de uma empresa de comunicação.