A proposta de alteração da Lei Eleitoral apresentada pelo PSD-Madeira, que pretende trocar o círculo único de 47 deputados por 11 círculos correspondentes aos concelhos da região autónoma (com entre dois e 14 deputados, consoante os eleitores inscritos), mais um de compensação (com cinco mandatos distribuídos pelos votos que não chegaram aos partidos para eleger nos outros) e um da emigração (com apenas dois) permitiria que os sociais-democratas tivessem mais sete deputados do que agora. Isso poderia garantir a maioria absoluta que escapou a Miguel Albuquerque nas últimas três Eleições Regionais, apesar de ter conduzido o PSD ao seu pior resultado de sempre, com apenas 36,13% dos votos a 28 de maio deste ano..Apesar de o secretário-geral do PSD-Madeira, José Prada, ter garantido, após a aprovação da proposta pela Comissão Política Regional, que a alteração pretendida “não é a maneira de ter maiorias absolutas”, a aplicação do mapa eleitoral proposto aos resultados das últimas eleições para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira levaria a que o PSD tivesse 26 deputados, tantos quanto os outros partidos juntos, pelo que teria maioria absoluta se elegesse os dois representantes da emigração e só precisaria de aliados se não obtivesse nenhum desses mandatos..O benefício para o partido mais votado decorrente da alteração proposta é ainda mais evidente quando se aplica o mapa proposto pelos sociais-democratas às Eleições Regionais de 2023, quan- do o PSD se apresentou em listas conjuntas com o CDS: em vez dos 23 eleitos que forçaram um acordo com a deputada do PAN, na legislatura encurtada pela demissão de Miguel Albuquerque, após ser constituído arguido por suspeitas de corrupção, a coligação de centro-direita teria uma clara maioria de 32, que provavelmente seria ampliada pela votação dos emigrantes..Pelo contrário, em 2019, quando Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo se enfrentaram nas urnas pela primeira vez, com o antigo presidente da Câmara do Funchal a obter o melhor resultado de sempre do PS-Madeira, com 35,75% dos votos, o mapa eleitoral proposto pelos sociais-democratas acabaria por beneficiar tanto o PSD (mais três deputados) quanto o PS (mais um) e o Bloco de Esquerda, que elegeria pelo Círculo de Compensação..Ao DN, Paulo Cafôfo disse que isso demonstra que “o modelo proposto pelo PSD bipolariza, mas torna muito mais difícil a possibilidade de alternância política”. Para o líder dos socialistas madeirenses, que nesta terça-feira comparou Albuquerque a um contestado presidente sul-americano, dizendo que “nem Maduro teria coragem de fazer o mesmo na Venezuela”, o que está em causa é “uma golpada” decorrente do “desespero” de um partido “em queda eleitoral” e cada vez mais dependente de parceiros. “Querem conseguir, com a alteração da lei, as maiorias absolutas que não têm conseguido nas urnas”, sustentou..No mesmo tom, depois de ter acusado o seu partido de querer “ganhar na secretaria”, o antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, voltou ontem à carga na rede social X. Recordando que, sob a sua liderança, o PSD obteve maiorias absolutas com círculos concelhios e com o círculo único, congratulou-se por ter alterado o Sistema Eleitoral “para um outro mais decente, prestigiando assim o sistema político madeirense”.