Pedro Nuno Santos mandou chamar os indecisos numa tarde encharcada
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, terminou a tradicional arruada socialista de fim de campanha, com a descida do Chiado, passando pelo Rossio, até ao arco da Rua Augusta, com um desafio aos seus apoiantes: "Cada um de nós vai levar um indeciso a votar, e nós vamos ganhar, vamos ter uma grande vitória para continuarmos a construir o futuro de Portugal".
Animado pela presença de mais de mil apoiantes, que no início da iniciativa encheram a Rua Garrett, e pelo respaldo do ainda primeiro-ministro António Costa, o líder socialista partilhou a sua crença na vitória do PS, que não é indicada pela maioria das sondagens. "Nós vamos trabalhar até ao 10 de março para ganharmos as eleições. Não queremos andar para trás, nenhum português quer andar para trás. Nós queremos andar para a frente, com uma mudança que não desbarate o que conseguimos, uma mudança que nos permita continuar a avançar", disse Pedro Nuno Santos, no final da arruada.
Após o almoço de final de campanha, na Cervejaria Trindade, no qual António Costa associou o "choque fiscal" prometido pela direita a um rombo de 16 mil milhões de euros na receita pública, que ameaçou ir conduzir a cortes nos salários e nas pensões, Pedro Nuno Santos fez um compasso de espera para o início da arruada. Na Baixa de Lisboa caía a chuva forte que justificou o cancelamento da arruada da Aliança Democrática, prevista para duas horas mais tarde - e substituída por um comício no Campo Pequeno -, fazendo com que a distribuição de guarda-chuvas concorresse com a de bandeiras do PS e de rosas vermelhas, alusivas ao Dia da Mulher, entre os apoiantes que se iram concentrando no Largo do Chiado.
Quanto o líder socialista finalmente desceu a Rua Nova da Trindade, com o seu antecessor, a cabeça de lista por Lisboa, Mariana Vieira da Silva, e o ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, chovia ainda mais. E nunca parou de chover, o que não abalou o PS, consciente do quanto necessitava de dar provas de mobilização num último de dia de campanha em que resta uma razoável percentagem de indecisos.
Quando a impressionante quantidade de apoiantes, alguns com capuzes, muitos com chapéus de chuva e demasiados sem qualquer proteção contra a intempérie, começou a descer a Rua Garrett, houve um incidente que passou despercebido ao candidato. Na esplanada da Pastelaria Benard, uma mulher de meia-idade que era uma das raras portuguesas presentes, levantou-se e começou a gritar "vergonha!" para a comitiva que passava mesmo ao lado. Foi quanto bastou para um dos simpatizantes socialistas proferir insultos que teriam feito corar os restantes utentes da esplanada se tivessem acionada uma aplicação de tradução automática, terminando com a descontente com o PS a ser apelidada de um sinónimo mais sucinto de "proxeneta da classe operária".
Lisboa, 06/03/2024 - Luís Montenegro da Partido Socialista em campanha eleitoral numa arruada no Chiado para as eleições legislativas de 10 Março de 2024.
(Reinaldo Rodrigues / Global Imagens)
Reinaldo Rodrigues/Global Imagens | Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Enquanto isso, a comitiva seguia animada, descendo a Rua do Carmo para o Rossio, com muitos refrões a aludir "ao faça chuva ou faça sol" e remoques à cobertura da campanha pela comunicação social - "a SIC vai dizer que éramos cinco, mais o vendedor de castanhas", comentava um socialista para outro, perto dos Armazéns do Chiado -, mas sem sinais de que a chuva pudesse abrandar. Tal como não paravam as palavras de ordem, incluindo o "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e menções aos "somos tantos, tantos, tantos, com o Pedro Nuno Santos".
Cada vez mais molhado, tal como Mariana Vieira da SIlva e Fernando Medina, Pedro Nuno Santos terminou com mais um apelo, "para quem trabalha, para quem trabalhou uma vida inteira, para os jovens e para as mulheres". "Nós governamos para todos, ao contrário deles que governam só para alguns e para uma minoria, nós governamos para Portugal inteiro", insistiu, prevendo "a grande vitória do PS".