“O vencedor passa a ser o líder de todos”
Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS.” O slogan é antigo, mas ganha nova força, perante uma crise política sem precedentes, com um primeiro-ministro que se demitiu por ser suspeito num processo judicial. Duarte Cordeiro usou esta frase no palco do XXIV Congresso do PS para a mensagem de confiança que é o prato principal a ser servido neste conclave. “Perante estas circunstâncias e perante a adversidade, o PS cresce”, dizia no palco o líder da Federação de Lisboa.
“Podem tentar provocar-nos, como fizeram ontem ou fizeram hoje, mas não nos derrotarão”, declarou Cordeiro, evitando falar do processo que envolve António Costa e atirando à direita as culpas de uma crise que entende ter sido “desejada e promovida pela direita” e “provocada para perturbar o normal funcionamento das instituições”.
Num momento de crise, os socialistas fazem o toque a rebate e não se esperam vozes desalinhadas neste Congresso. “Isto é o PS”, dizia ao DN uma das apoiantes de José Luís Carneiro, para garantir que não haverá nada, senão união, num momento que é crítico. Parte dessa pacificação surge dessa noção, mas também da forma como Pedro Nuno Santos construiu as listas para os órgãos do partido neste Congresso, garantindo que a ala carneirista terá 35% dos lugares.
Mesmo tendo recusado a ideia de uma negociação do programa eleitoral com José Luís Carneiro (aceitando apenas registar sugestões) e rejeitando a criação do “Fundo Medina”, Pedro Nuno chegou ao Congresso com Carneiro. E até ouviu Augusto Santos Silva anunciar aos jornalistas que está “disponível para continuar” como presidente da Assembleia da República. Oposição interna? “O vencedor passa a ser o líder de todos”, respondeu Santos Silva.
A estrela António Costa
Pedro Nuno Santos pode ser já o líder de todos, mas António Costa foi a estrela do primeiro dia do Congresso. Anunciado com pompa pelo speaker, quando entrou na sala, como “um grande homem e um enorme socialista”, Costa recebeu um abraço de Pedro Nuno, viu um filme sobre as conquistas dos seus oito anos de governação e ouviu rasgados elogios de Marta Temido, a líder da Concelhia do PS Lisboa, e de Duarte Cordeiro.
“O PS tem muito orgulho na sua história, em cada bocadinho dela”, disse Temido, que subiu ao palco depois de ter sido exibido um vídeo com as figuras dos 50 anos do partido, no qual nem faltou José Sócrates. Mas é claro que neste momento, a estrela dessa história é António Costa.
“Este será um Congresso em que falaremos com muito orgulho, mesmo muito orgulho do nosso legado destes últimos oito anos”, anunciou Duarte Cordeiro, que elencou “três elementos-chave” do legado costista, que a nova liderança quer transportar para o futuro. O primeiro é a capacidade de diálogo à esquerda. “Mostrámos que havia alternativa, que podíamos manter as contas certas e não perdemos identidade”, frisou. O segundo são o aumento dos rendimentos e do emprego. E o terceiro a transformação do PS num “partido ecologista”.