Acontece esta terça-feira o debate entre os partidos sem assento parlamentar que concorrem às eleições legislativas de dia 10 de março. São onze forças políticas que estarão num frente-a-frente nos estúdios da RTP, com ideias antagónicas e até improváveis sobre a forma como dizem querer refazer o país. O DN mergulhou nos propostas destes partidos que em 2022 não conseguiram mandatos, sendo que também já não tinham representação no hemiciclo antes disso. Ainda assim, segundo o Ministério da Administração Interna, arrecadaram 91 359 votos, no total, o que significa que movem eleitorado..Neste estudo, ficou de fora o PPM, liderado por Gonçalo da Câmara Pereira, que se apresenta nestas eleições em coligação com o PSD e o CDS, na versão mais recente do histórico entendimento destes partidos denominado Aliança Democrática (AD). No entanto, o PPM merece uma menção como o partido que teve a menor votação em 2022, com apenas 260 votos. Em relação aos outros partidos que não têm deputados, há estreias e há insistências..O partido de Tino de Rans.O Reagir Incluir Reciclar (RIR), liderado por Márcia Henriques desde maio 2022, teve como protagonista durante anos Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans. Nas últimas legislativas, foi o segundo partido mais votado que não conseguiu eleger deputados, obtendo 23 232 votos. O RIR leva para as legislativas medidas concretas para a Saúde, Educação, ambiente, apoios sociais, Justiça e Cultura, mas sem detalhes. A falta de números no programa é paradigmática quando se trata de salários e pensões. O RIR assume que quer “aumentar gradualmente as pensões mínimas dos reformados de forma sustentável”, mas também propõe subir o “salário mínimo dos profissionais de vários setores”, mas sem explicações. No que diz respeito a inclusão, o RIR pretende abolir o “termo deficiência” para o substituir por “diversidade funcional”, para “combater preconceitos”..O mais à esquerda.Fundado ainda antes do 25 de Abril, em 1970, o PCTP-MRPP continua a marcar presença nos boletins de voto em 2024. Para além de assinar textos contra a extrema-direita, como um intitulado O fascista Ventura, que está no site do partido, o PCTP-MRPP assumiu posições muito controversas em relação às medidas adotadas para combater a covid-19. A cabeça de lista do partido pelo círculo de Lisboa em 2022, Cidália Guerreiro, durante o último debate televisivo com representantes dos partidos sem assento parlamentar, defendeu que a “pandemia foi utilizada para introduzir medidas repressivas e intimidatórias”. Em 2022, o PCTP-MRPP arrecadou 11 267 votos..A força insular da Madeira.O Juntos Pelo Povo (JPP), liderado por Élvio Sousa é um partido com projeção na Madeira, onde, nas últimas eleições regionais, conseguiu eleger cinco deputados, ficando à frente do Chega. Já nas anteriores legislativas, quase elegeu pelo Círculo da Região Autónoma, mas não conseguiu, ficando com 10 935 votos. É um partido com uma visão liberal da economia, mas não descarta que “o Estado tem o dever de garantir, através das suas funções de regulação social, a concretização e o desenvolvimento do Estado Social de garantia”, refere o programa. Ainda assim, um destaque para a forma como o partido olha para a saúde, defendendo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é “indispensável aos portugueses, universal nas várias especialidades, público e democrático”..Em nome da negação.O Alternativa Democrática Nacional (ADN) saiu das últimas legislativas com 10 911 votos, em plena pandemia. Dois anos depois, o partido continua a incluir no programa, que classifica como “inovador”, a recusa em aplicar aquilo a que chama o “tratado pandémico”, ou seja, a “prevenção, preparação e respostas a pandemias adotado no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS)”..A nova coligação.O Movimento Partido da Terra (MPT), que nas últimas legislativas conseguiu ganhar 7 571 votos, junta-se nestas próximas eleições ao Aliança (2 470 votos em 2022), fundado em 2018 por Pedro Santana Lopes (que entretanto já se desfiliou, oferecendo o seu apoio à AD). O encontro destes dois partidos vai surgir nos boletins de voto sob a designação Alternativa 21. O cabeça de lista por Lisboa, Nuno Afonso, tem surgido nos cartazes da Alternativa 21 com o slogan “vamos limpar a direita”, que facilmente pode ser entendido como uma referência ao Chega, já que o candidato a deputado entrou em rutura com André Ventura quando integrava as fileiras do partido..“Paixão pelo bom senso”.O Volt, o partido que assume a mesma forma noutras zonas da Europa, definiu “desafios aos quais cada país europeu, e a Europa no seu todo, devem fazer frente para alcançar uma sociedade mais justa e sustentável”, refere o programa. Com o mote “paixão pelo bom senso”, o partido defende que é necessário “promover a boa gestão e o uso eficiente de recursos na função pública”. “O Volt pretende dar continuidade e expandir de forma ambiciosa o processo de digitalização da Administração Pública”, refere o documento norteador das políticas do partido para 10 de março. O Volt teve 6 245 votos em 2022..Guerra interna socialista.O Movimento Alternativa Socialista (MAS), liderado por Renata Cambra, está a debater-se com uma guerra nas fileiras do partido, com a oposição encabeçada por Gil Garcia a travar a própria participação do partido nas eleições de 10 de março. O MAS tinha apresentado Renata Cambra como cabeça de lista por Lisboa, como aconteceu em 2022, mas a outra ala do partido veio alegar que o processo era falso. Entretanto, a ala de Renata Cambra já recorreu, mas ainda não se sabe se o partido vai conseguir concorrer às urnas. Entre outras medidas, o MAS propõe no programa eleitoral um “salário mínimo nacional de 1 000 euros”, assim como a ”atualização trimestral de salários e pensões, acima da inflação”. O MAS terminou a noite eleitoral em 2022 com 6 181 votos..Contra os imigrantes.O Ergue-te, uma recauchutagem do PNR, conseguiu arrecadar 5 017 votos em 2022. Defendendo que “a imigração não é nem nunca foi um projeto humano, mas sim, uma arma ao serviço do grande capital”, o partido propõe “inverter os fluxos migratórios”, “retirar o apoio financeiro estatal às associações de imigrantes” e “”proibir a construção de mais mesquitas”..Combater a corrupção.O Nós Cidadãos conseguiu obter 3 616 votos nas legislativas de 2022. Com base na sociedade civil, este movimento de cidadãos faz uma distinção entre o “nós” e o “eles”, referindo-se à classe política que pretendem integrar. “Os cidadãos não suportam mais um sistema político e económico que só a ‘eles’ tem servido”, destaca o partido no programa, enquanto propõe “pugnar pela recuperação pelo Estado dos ativos que são fruto de corrupção, exigindo transparência orçamental ao Estado”. O partido dos trabalhadores O Partido Trabalhista Português (PTP) terminou a corrida às urnas de 2022 com 3 616 votos. Fundado em 2009, o partido é herdeiro dos três outros partidos trabalhistas que o antecedem. Assume-se com uma posição no centro-esquerda e defende um “diálogo construtivo, não-alinhado em percursos fraturantes da sociedade”..A nova direita radical.A Nova Direita é um partido que concorre pela primeira vez às legislativas. Tal como o nome indica, o partido fundado por Ossanda Líber, nascida em Angola, é um partido de direita. Quer responder “à banalidade da velha política”, refere o programa, “porque os portugueses têm direito à esperança”. Assumindo como um dos eixos principais do partido o combate à cultura woke, o partido propõe a “proibição da ‘escrita inclusiva’ nas escolas e universidade” e a “oposição ao uso de casas de banho comuns nas escolas”.