Em 2005, uma manifestação da Frente Nacional provocou tensão no Rossio.
Em 2005, uma manifestação da Frente Nacional provocou tensão no Rossio.GERARDO SANTOS/GLOBAL IMAGENS

Mário Machado organizou, em 2005, manif com incidentes de violência no Martim Moniz

Xenofobia. O tribunal decide esta sexta-feira sobre protesto de extrema-direita proibido pela Câmara de Lisboa. O Largo Camões pode ser o novo destino.
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O Tribunal  Administrativo de Lisboa vai pronunciar-se esta sexta-feira sobre uma intimação para a defesa de direitos, liberdades e garantias interposta por Mário Machado contra a decisão da Câmara de Lisboa (CML) de proibir a manifestação contra a islamização da Europa no sábado, no Martim Moniz. Num chat do Telegram, do Grupo 1143, Machado anunciou que se a decisão não for favorável às suas pretensões, o protesto vai realizar-se noutro local da cidade.

“Independentemente da decisão, vamos sempre marcar presença dia 3 de fevereiro pelas 18.00 horas em Lisboa”, escreveu o neonazi, que voltará este mês ao banco dos réus para responder por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência nas redes sociais. Ao que o DN apurou, Mário Machado já terá comunicado à CML que esse local será o Largo Camões.

Machado, que é um dos fundadores do grupo de skinheads Hammerskins em Portugal, tem um longo histórico de participação em ações racistas e xenófobas, incluindo nos incidentes da noite de 10 de junho de 1995, que acabou com a morte do cabo-verdiano Alcindo Monteiro.

Cabeças rapadas e o PNR

Em junho de 2005, Mário Machado foi um dos organizadores daquela que então foi relatada pelo DN como “a maior manif xenófoba de sempre”, que aconteceu entre o Martim Moniz e o Rossio, em Lisboa.

O protesto foi convocado pela Frente Nacional, uma organização de extrema-direita, e anunciava-se como uma manifestação contra a “criminalidade crescente”, com apelos ao repatriamento dos imigrantes.

Foram cerca de 300 os manifestantes que então marcharam, com cabeças rapadas, cruzes suásticas tatuadas e saudações nazis enquanto entoavam o hino nacional e empunhavam bandeiras de Portugal e do Partido Nacional Renovador (PNR).

Na altura, viveram-se momentos tensos quando o protesto chegou à Praça do Rossio e alguns populares gritaram palavras de ordem como “fascistas” e “25 de Abril sempre”. Só a atuação do Corpo de Intervenção da PSP e polícias com cães impediram que as trocas verbais degenerassem em confrontos físicos. 

A reportagem do DN conta como o “corpo de Intervenção atuou para proteger dois indivíduos perseguidos por alguns manifestantes e acabou por agredir um repórter fotográfico, quando dispersava as pessoas que tinham acorrido ao local”.

Nos cartazes e faixas usados no desfile liam-se frases como “Isto é nosso”, “Não existem direitos iguais quando és um alvo por seres branco” e “Imigrantes igual a crime”.

Mário Machado dizia então que  “o Governo tem de expatriar os imigrantes, a nacionalidade herda-se, não se compra” e defendia que “imigração e criminalidade andam quase sempre de mãos dadas”. Apesar de ter havido intervenção da polícia, não foram feitas quaisquer detenções nesse protesto de 2005.

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