Marcelo e Montenegro puxam Passos Coelho de volta à política

Após presença no Pontal, nome de ex-governante anda na boca de rostos maiores do partido, onde se inclui Carlos Moedas. Consideram todos que ainda pode ter uma contribuição para o país.

Primeiro foi Marcelo Rebelo de Sousa, agora é a vez de Luís Montenegro e Carlos Moedas trazerem, à vez, o nome do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para a praça pública. E todos consideram o mesmo: que o ex-governante ainda tem muito para dar a Portugal e aos portugueses.

"Sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o país pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro, não tenho dúvidas", disse o Presidente da República no passado sábado, dia 15. No dia 17, seguiu-se-lhe Carlos Moedas, autarca de Lisboa e um dos vice-presidentes do PSD, que, não comentando diretamente as declarações do Presidente, deu seguimento ao que o chefe de Estado havia dito: "O senhor antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho contribuiu muito para o país e pode continuar a contribuir em tudo aquilo que ele achar que deve contribuir", afirmou, acrescentando que Passos Coelho "foi um grande primeiro-ministro" e que "é um homem extraordinário".

Já esta terça-feira foi a vez de Luís Montenegro se manifestar. Considerando que o ex-primeiro-ministro é "uma das pessoas mais qualificadas que Portugal tem", o presidente do PSD referiu que Pedro Passos Coelho (de quem Montenegro foi líder parlamentar, em 2011) "tem muito para dar ao país não é só na perspetiva do exercício de funções públicas" (sem, no entanto, especificar de que funções concretas falava). "Acho inclusivamente que mesmo do ponto de vista académico, que é uma das funções que ele exerce neste momento, Portugal deve aproveitar o seu know how, a sua experiência, o seu conhecimento profundo da realidade do país e da Europa", sublinhou.

"[Pedro Passos Coelho] é uma das pessoas mais qualificadas que Portugal tem e quando um país tem uma pessoa com este perfil, com esta experiência, com esta qualificação, tem uma pessoa que pode cumprir muitas tarefas."
Luís Montenegro, presidente do PSD

Mas, para Luís Montenegro, esta não é a altura de especular sobre um eventual cargo público ocupado pelo ex-primeiro-ministro. "Não vale a pena estarem a fazer filmes à volta disso, não vale a pena fazerem futurologia, não vale a pena estarem a tentar retirar, extrapolar o que quer que seja" das intervenções do antigo governante.

Desde que saiu da liderança do partido, em 2018, Pedro Passos Coelho tem-se mantido afastado da vida política, lecionando em duas faculdades: no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) e na Universidade Lusíada. Na altura, recorde-se, os alunos do ISCSP fizeram dois abaixo-assinados (um contra, outro a favor) por causa da contratação do ex-primeiro-ministro para o corpo docente da instituição.

Tudo mudou em agosto passado, quando, pela primeira vez em quatro anos, Pedro Passos Coelho voltou a marcar presença numa iniciativa partidária: a Festa do Pontal, a rentrée dos sociais-democratas.

"É uma pessoa extraordinária, que deu muito ao país. [Pode dar mais a Portugal?] Com certeza, com certeza. (...) É um homem extraordinário."
Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa

Sempre ao lado do então recém-eleito líder Luís Montenegro, Passos foi muito solicitado pelos presentes, tirando selfies e dispensando algum tempo para falar com militantes. Mas, na altura, recusou que a sua presença fosse vista como um regresso à vida política. "Isto tem um caráter excecional porque continuo retirado da ação política", afirmou então, deixando patente que não estava no Pontal para "fazer grandes declarações" mas sim para "dar um abraço ao Luís Montenegro, uma pessoa bem preparada e competente" para, na sua perspetiva, ser o próximo primeiro-ministro português, sucedendo a António Costa.

rui.godinho@dn.pt

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