A liderança do PS está a reforçar a pressão sobre o Governo, com as críticas aos apoios que foram anunciados por Luís Montenegro a juntarem-se aos encerramentos de Urgências hospitalares nos argumentos dos dirigentes socialistas. Enquanto isso, Luís Montenegro garantiu que o Executivo está “a pedalar com responsabilidade” e negou que medidas como a atribuição de um suplemento aos pensionistas com rendimentos mais reduzidos, a pagar em outubro, tenham motivações eleitoralistas..Reagindo ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para quem o PSD deverá avançar com um aumento permanente do valor das pensões caso pretenda conceder um apoio estrutural, Montenegro comentou neste sábado, acerca do seu Executivo: “Dirigimo-nos ao povo, governamos para o bem-estar dos portugueses e cada um faz o comentário que acha mais adequado.”.Aproveitando-se de estar a dar o tiro de partida para a Portugal Bike Tour 2024, que teve lugar junto ao Centro de Cultural de Belém, em Lisboa, o líder social-democrata acrescentou: “Estamos a pedalar em várias frentes, mas estamos a pedalar com responsabilidade, para não irmos contra nenhuma parede, para não cairmos da bicicleta, para não termos nenhuma escorregadela, e faremos sempre isso com base em critérios de responsabilidade e de equilíbrio orçamental.”.Horas antes, na sequência de declarações de Paulo Rangel, Pedro Nuno Santos acusou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de “desonestidade intelectual”, assegurando que não está contra o suplemento que Luís Montenegro anunciou na quarta-feira, na rentrée política do PSD, em Quarteira. “O PS não se manifestou contra a medida. Apenas disse que, se o Governo quisesse apoiar de forma estrutural os pensionistas, teria feito um aumento permanente das pensões, ou seja, um aumento que subisse o valor das pensões para o futuro”, escreveu o líder partidário na rede social X..Pedro Nuno Santos acusou a Aliança Democrática de oportunismo, recorrendo às “boas contas públicas deixadas pelo anterior Governo” para pôr em prática “uma estratégia que traga ganhos eleitorais no curto prazo”. E reiterou que o PSD, muito longe de ser um defensor do sistema público de pensões, “está apenas a enganar os pensionistas com a ilusão de um aumento”..Um argumento que já tinha feito com que Rangel, para quem o suplemento pago em outubro a 2,4 milhões de pensionistas é “um apoio fundamental”, fizesse notar que uma eventual ida dos portugueses às urnas depende precisamente de Pedro Nuno Santos: “Que eu saiba, não há perspetiva de eleições. Só há eleições se o secretário-geral do PS quiser.”.De igual modo, mesmo garantindo que não governa a pensar nos partidos da oposição, Luís Montenegro acabou por deixar ontem uma réplica ao ex-ministro de António Costa: “Não temos uma postura de castigar o povo com impostos, com contribuição e com o adiamento de investimentos públicos, para depois apresentarmos resultados financeiros bonitos.”.SNS motiva críticas.Também neste sábado prosseguiu a marcação cerrada do PS aos problemas no Serviço Nacional de Saúde. Reagindo a notícias acerca do encerramento de 11 Urgências em nove hospitais públicos, a líder parlamentar socialista Alexandra Leitão escreveu na rede social X que “este poderá muito bem ser o pior dia desta crise e é a prova evidente do falhanço do plano do Governo e da sua total incapacidade para o executar”..Dirigindo-se ao primeiro-ministro, a quem acusou de “ensaiar manobras de diversão” na Festa do Pontal - onde também anunciou a criação do passe ferroviário, com acesso a todos os comboios (menos os Pendulares e os internacionais) por 20 euros mensais, e a abertura de cursos de Medicina nas universidades de Évora e de Trás-os-Montes -, Alexandra Leitão perguntou-lhe diretamente se “hoje teria a coragem de repetir que o SNS está melhor do que no ano passado”..A pergunta ficou sem resposta, sendo certo que não faltaram impedimentos nas Urgências hospitalares neste sábado. No Beatriz Ângelo (Loures) e no Nossa Senhora do Rosário (Barreiro) encerraram as de Obstetrícia-Ginecologia e de Pediatria, enquanto no São Francisco Xavier (Lisboa) e no Garcia de Orta (Almada) fecharam as de Obstetrícia-Ginecologia - no São Bernardo (Setúbal) o mesmo sucedeu com Pediatria. Em Portimão, Abrantes e Leiria fecharam as Urgências de Obstetrícia-Ginecologia e em Chaves o mesmo aconteceu à Urgência de Pediatria.