Livre quer reunir com a esquerda sobre “desafios”
O Livre anunciou este domingo (23 de junho) que pediu reuniões ao PS, BE, PCP e PAN para dialogar “numa altura de grandes desafios para a democracia nacional e europeia”, com o objetivo de fazer um balanço das eleições para o Parlamento Europeu e acertar agulhas sobre as autárquicas, que estão previstas para 2025. Para já, só a coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, confirmou esta convergência.
A retórica do Livre, de acordo com uma nota publicada na página do partido, é “apresentar alternativas progressistas e pela igualdade, centradas num reforço da justiça social e ambiental e na melhoria das condições de vida das pessoas”.
No mesmo dia, na sequência da reunião da Mesa Nacional do BE, o órgão máximo entre convenções, que aconteceu no sábado, Mariana Mortágua reconheceu o mau resultado das Eleições Europeias, recusou críticas internas, afastou a possibilidade de antecipar uma convenção eletiva para a coordenação do partido e anunciou uma Conferência Nacional bloquista para analisar o papel do partido no atual ciclo político. Para além disto, falou em convergências e alianças.
“Queremos que essa conferência sirva também para fazer um debate sobre as responsabilidades da esquerda perante um ciclo autárquico que se abre agora e em particular para discutir a política de alianças do BE nas eleições autárquicas”, em sintonia com a missiva do Livre.
Entre as propostas de Mariana Mortágua, foi ainda vincada a necessidade de debater “as condições para convergências à esquerda que se possam traduzir em projetos verdadeiramente transformadores no território”. Neste sentido, a líder do Bloco aludiu à “possibilidade de convergências mais alargadas para derrotar executivos de direita em sítios chave do país como em Lisboa”.
Em concreto sobre a proposta do Livre, assumiu que “vem na sequência de um primeiro movimento” que o BE fez “a seguir às legislativas de debate com diferentes partidos do campo ecologista, à esquerda e que”, garantiu, o partido quer “ir aprofundando ao longo do tempo.
Ao DN, o deputado bloquista Fabian Figueiredo lembrou que “o Bloco tem uma convergência com o Livre” e “tem um percurso próprio nas autarquias e está evidentemente disponível para dialogar, nos mais diversos municípios, com os partidos à esquerda, mas também com muito das pessoas da sociedade civil”. E isto, de acordo com o deputado, já acontece na capital portuguesa, onde o partido até quer ir mais longe.
“A reunião da Mesa Nacional, identificou a necessidade de haver esse encontro da esquerda nas eleições autárquicas e havendo a possibilidade de juntar o Partido Socialista, nomeadamente numa candidatura conjunta em Lisboa”, explicou, acrescentando que “a realidade de cada município ditará a convergência que existe”. Mas há linhas vermelhas, garante. “A esquerda só pode ser oposição aos planos privatizadores da direita e a sua agenda de desconstrução do Estado Social”, conclui.
“Evidentemente, estamos disponíveis para reunir com o Livre”, sublinha Fabian Figueiredo.
Mas a convergência à esquerda mantém-se incompleta, para já, perante o silêncio dos outros partidos. PS, PCP e PAN, questionados pelo DN sobre esta proposta do Livre, não adiantaram qualquer intenção.
vitor.cordeiro@dn.pt