Líder do PSD desafia Costa: "Baixe o IRC, faça-o já. Não aguarde mais 15 dias"

Luís Montenegro afirma haver condições para o PS fazer o que está negociado com o PSD "desde 2014" e anunciar já esta segunda-feira os apoios destinados às empresas. E que baixe já o IVA da energia para 6%.
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"O que vai acontecer amanhã [segunda-feira] é o governo fazer aquilo que reclamamos desde maio. Contrariamente ao que o governo tem dito, não há três dias de diferença entre o que o PSD apresentou e o governo vai anunciar, há três meses de diferença."

Este é o principal, mas não único, argumento que Luís Montenegro usa para dizer que o pacote de medidas do governo "vem tarde, vem muito tarde e não foi por falta de aviso. Foi a habilidade que o governo teve, conscientemente, para aplicar esta medida apenas nos últimos três meses do ano".

O líder social-democrata garante que o que vai acontecer é mais um "exemplo da famosa habilidade política do primeiro-ministro, o show-off do PowerPoint".

Lembrando que desde maio defende um programa de emergência social, Montenegro admite que as medidas de António Costa não serão exatamente iguais às que o PSD propôs e entregou no Parlamento na sexta-feira, em forma de Projeto de Resolução.

"Elas amanhã virão travestidas, não virão ipsis verbis como as propusemos, sei que o governo anda a reboque do PSD, mas não é tanto", disse, provocado risos na assistência que estava no encerramento 18.ª edição da Universidade de Verão.

"Roupagem diferente", mas "a base vai ser a mesma", afirmou.

O líder do PSD não entende por que razão o governo não anuncia, também hoje os apoios destinados às empresas, porque "há condições para que o PS faça o que acordou connosco em 2014 e baixe o IRC".

"Dr. António Costa, não aguarde mais 15 dias e faça-o já amanhã", pediu.

Luís Montenegro antevê que vá ser anunciada a antecipação do aumento das pensões, mas lamenta que o governo só vá fazer em setembro o que os sociais-democratas propuseram em maio, tal como a baixa do IVA da energia, que o governo dizia não ser possível sem autorização europeia.

"Faço aqui um apelo/desejo, que seja amanhã, ao menos agora, que o dr. António Costa baixe o IVA da energia para 6 %. Faça-o transitoriamente, mas faça-o agora, porque é agora que as pessoas precisam", defendeu.

E como mais vale tarde do que nunca, Montenegro desejou ao governo que "a conferência de imprensa corra bem, as medidas a anunciar sejam eficazes" e que possam ser renovadas, se necessário.

"Quem tem de governar o país é o governo, percebe-se que a frustração na sociedade seja grande, porque o governo não está a cumprir a sua tarefa, mas nós vamos cumprir a nossa", assegurou. Ou seja, como não vai haver eleições amanhã o PSD não tem a obrigação de ter, desde já, um plano completo para governar o país.

Montenegro, que considera estar a cumprir o seu o papel de oposição - "apontámos omissões, insensibilidade, e, perante a passividade do governo, tivemos a ousadia de apresentar as soluções" -, afirma que o PSD será "a voz dos que precisam de ter essa voz no diálogo com o governo, dos portugueses de todas as proveniências políticas e geográficas".

O presidente do PSD acusou ainda o primeiro-ministro de "matar o próximo ministro da Saúde" ao dizer que a política no setor vai continuar igual - é, disse, "a arrogância" de António Costa.

Se a política de Saúde vai continuar a ser a mesma, "vai continuar a haver Urgências fechadas, portugueses sem médicos de família, consultas adiadas", garantiu.

"A ministra demitiu-se dizendo que não tinha condições para continuar. Qual é a resposta do primeiro-ministro? Então se não tem condições, fica mais umas semanas para decidir coisas importantes para as quais julga não ter condições. Isto é uma contradição", afirmou.

"É caso para dizer que António Costa já está a matar o próximo ministro ou ministra da Saúde, porque já lhe está a desejar uma política que deu maus resultados", disse, aconselhando o primeiro-ministro a ter humildade e a reconhecer que a política de Saúde falhou.

Para Luís Montenegro, os problemas registados no setor da Saúde "não eram da ministra, embora possa ter dado as suas contribuições. O problema é do primeiro-ministro, do PS. Este PS quis fechar o SNS na esfera estatal perdendo aquilo que importa: o cidadão, que precisa de cuidados de saúde, independentemente de os ter num hospital público, privado ou numa IPSS".

O líder social-democrata não tem dúvidas de que "o maior amigo da saúde privada em Portugal" é António Costa. E a explicação é esta: "Não venham com essa conversa de treta e da treta, nós não somos amigos do setor privado e do setor social, nós somos amigos das pessoas e estamos preocupados com as pessoas. Quem disser que o PSD tem outro interesse é desonesto".

Conclusão? Montenegro acusa a esquerda e o PS de fazerem "muito pior ao SNS" do que os sociais-democratas.

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