PSD diz que se está a "correr atrás do prejuízo" e aponta inconsistências nas medidas

Partidos reagiram às medidas restritivas anunciadas pelo primeiro-ministro
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O PSD afirmou esta terça-feira que o Governo está a "correr atrás do prejuízo", apelando a que os portugueses respondam "à falta de planeamento" no reforço da vacinação com a contenção de contactos, e aponta inconsistência nas medidas.

"Tínhamos alertado no final do verão para a necessidade de planear as doses de reforço. Infelizmente, estamos a poucos dias do Natal e esse trabalho ainda não foi feito, agora estamos a correr atrás do prejuízo", afirmou o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Ricardo Baptista Leite, em declarações à Lusa, em reação às novas restrições anunciadas esta terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, para fazer face o aumento de casos de covid-19.

Para o deputado e médico, "está um pouco nas mãos dos portugueses garantirem" a "melhor forma possível" de responder ao aumento de casos de covid-19 e "outras ameaças no sistema de saúde".

"Quem não está vacinado e não se conseguir vacinar, quem não se conseguir testar (...) a essa falta de planeamento temos de responder tendo cuidado com os contactos e evitando mesmo esses contactos até a situação normalizar", apelou.

Sobre os anúncios desta terça-feira, Baptista Leite classificou como "inconsistentes as diferentes medidas entre restaurantes, bares e discotecas, sobretudo em relação à testagem".

"Deve haver clareza em relação às medidas que se tomam e há aqui uma série de incongruências e isto leva a que os próprios cidadãos se sintam confusos depois de dois anos de gestão de uma pandemia", alertou.

Por outro lado, o cabeça de lista do PSD por Lisboa nas próximas legislativas apelou ao Governo para que "consiga encontrar mecanismos alternativos para acelerar a vacinação sem continuar a retirar recursos ao SNS e aos centros de saúde", como incluir as farmácias comunitárias no plano.

"Da parte do PSD, entendíamos que não deveríamos ter entrado no inverno com uma parte da população vulnerável ainda por vacinar (...) Nestas matérias, devemos esperar o melhor, mas preparar-nos para o pior. Agora temos de trabalhar com as ferramentas que existem, estas são as condições em que o Governo nos deixou", apontou.

Ricardo Baptista Leite lamentou ainda que o primeiro-ministro não tenha dito "uma palavra" sobre a forma como o SNS "se preparou e se prepara para responder aos doentes com outras doenças".

"Esperamos que haja um plano de emergência, perante a expectativa do aumento do número de doentes covid-19 a entrar no sistema, se for esse o pressuposto das decisões do Governo", acrescentou, dizendo que o partido não conhece as projeções de casos que condicionaram as medidas anunciadas esta terça-feira.

O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou esta terça-feira que as medidas para travar a covid-19 anunciadas pelo Governo são "exageradas, alarmistas e desproporcionais", defendendo o reforço da terceira dose da vacina e não situações que "geram terror e medo".

"As medidas são manifestamente exageradas, são alarmistas e desproporcionais. Na verdade, o caminho que o Governo devia seguir era o reforço da terceira dose da vacinação porque já de demonstrou que, tendo 90% da população vacinada, mesmo em caso de infeções, não tem uma repercussão preocupante nem no número de mortes, nem internamentos", afirmou.

Rodrigues dos Santos, que falava aos jornalistas no jardim Avelar Brotero, em Lisboa, disse rejeitar "liminarmente este caminho de instabilidade e de alarmismo" que disse estar a "destruir" a economia.

Segundo o líder centrista, "as regras devem obedecer a um princípio de equidade e de adesão à realidade do país", defendendo que o Governo devia insistir no "rastreio" e "não entrar em situações alarmistas que geram o terror, o medo" e conduzem a economia "à miséria e à pobreza".

"O Governo está a ir atrás do que estão a fazer outros países europeus, quando nenhum deles tem o número de população vacinada que o nosso país tem, nem os dados da pandemia são tão tranquilizadores quanto estes que o nosso país oferece nesta altura", indicou.

O PCP defendeu esta terça-feira que o Governo voltou a optar por "soluções restritivas com fortes prejuízos" e que esta "não pode ser a resposta automática" cada vez que há um agravamento da situação epidemiológica.

"As medidas agora anunciadas pelo Governo retomam uma opção por soluções restritivas com fortes prejuízos para os trabalhadores e muitas atividades económicas, que não pode ser a resposta automática para cada situação de mais incidência da covid-19", sustentou o dirigente comunista Bernardino Soares, através de uma declaração divulgada às redações.

O membro do Comité Central do PCP acrescentou que é necessário assegurar os "direitos e remunerações", assim como o "apoio às atividades mais atingidas" pelas medidas anunciadas esta terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, depois de uma reunião do Conselho de Ministros.

"Sem prejuízo do acompanhamento da evolução da situação", prosseguiu o partido, o país está a viver uma "situação bastante diferente" da que havia "há um ano, uma vez que a grande maioria da população está vacinada e uma faixa significativa dos grupos de maior risco obteve já a dose de reforço".

Bernardino Soares também disse que é necessário assegurar um "efetivo acesso à testagem gratuita" em todo o país e criticou as declarações de António Costa sobre a exaustão dos profissionais de saúde: "O cansaço e por vezes exaustão de muitos profissionais de saúde, referido pelo primeiro-ministro na sua conferência de imprensa, é, no fundamental, consequência da ausência de uma política de contratação adequada".

A Iniciativa Liberal (IL) acusou esta terça-feira o Governo de incompetência após o anúncio de novas restrições devido ao aumento de casos de covid-19, considerando que "parar a vida de todos não é gerir a pandemia".

Em declarações à Lusa, a vogal da Comissão executiva da IL Carla Castro expressou "desagrado e desalento" com as novas restrições esta terça-feira anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que passam pela antecipação do período de contenção para as 00:00 de dia 25 de dezembro, com medidas como o teletrabalho obrigatório, encerramento de bares e discotecas ou alargamento da exigência de teste e certificado de vacinação a mais eventos e locais, entre outras.

"O que assistimos hoje foi a uma conferência de imprensa onde as medidas anunciadas não são condizentes com os dados apresentados. Continuamos a desconhecer quais foram os dados que suportam estas decisões", defendeu a dirigente da IL, que é também a número dois do partido pelo círculo de Lisboa nas legislativas de 30 de janeiro.

Carla Castro salientou que "há centros de vacinação que vão parar e que o ritmo de vacinação é mais baixo do que no verão", referindo que a pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "não é alarmante e não se prevê que seja".

"É claramente um atestado de incompetência sobre a forma de o Governo gerir a pandemia", considerou a dirigente, apontando que o primeiro-ministro referiu a necessidade de medidas "enquanto não se reforça a vacinação".

Carla Castro criticou, em especial, o encerramento dos locais onde já eram necessários certificados de vacinação e testes (bares e discotecas), considerando que tal até pode "descredibilizar a vacinação e a testagem".

"Estamos claramente com uma política errática e com informação contraditória. Para a confiança, quer das famílias quer das empresas, é bastante desmotivante", referiu.

A dirigente da IL lamentou que o Governo ainda não tenha apresentado o calendário do reforço de vacinação e salientou que a situação de Portugal "não compara com a de outros países".

"A nossa certeza é que este Governo é incompetente para gerir esta pandemia, parar a vida de todos não é uma forma de gerir a pandemia", criticou.

A coordenadora do BE afirmou esta terça-feira estranhar que "não exista reforço das equipas de rastreio e vacinação", referindo que o Governo "aceitou a sugestão do Bloco" de apoio às famílias no período de encerramento de creches e ATL.

Catarina Martins reagiu esta terça-feira com uma publicação na rede social Twitter às novas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que passam pela antecipação do período de contenção para as 00:00 de dia 25 de dezembro, devido ao aumento de casos de covid-19.

"Registo que, no encerramento de creches e ATL, o Governo aceitou a sugestão do Bloco de apoio às famílias. Falta saber de apoios relativos a outras medidas", apontou a líder bloquista.

Por outro lado, Catarina Martins disse estranhar que, "reconhecendo a exaustão dos profissionais de saúde, não exista reforço das equipas de rastreio e vacinação".

O PAN pediu esta terça-feira apoios para as famílias e o setor dos bares e discotecas, que vão voltar a encerrar devido à pandemia de covid-19, e apelou aos portugueses que "sejam responsáveis" e se testem.

"Compreendemos que há a necessidade da adoção de algumas medidas e a preocupação que desde o primeiro momento transmitimos ao Governo é que existam os correspondentes apoios sociais, em particular para os bares e as discotecas, que vão ter de encerrar, mas também para as famílias, quer no apoio às creches, quer no apoio para ficarem em casa com as crianças sempre que assim seja necessário por força do contexto sanitário", afirmou a porta-voz.

Inês Sousa Real falava à agência Lusa numa reação às novas restrições anunciadas esta terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, no âmbito da covid-19, que passam pela antecipação do período de contenção para as 00:00 de dia 25 de dezembro, medidas como o teletrabalho obrigatório ou o alargamento da exigência de teste e certificado de vacinação a mais eventos e locais, entre outras.

A líder do PAN apelou à "responsabilidade individual" nesta altura festiva do Natal e passagem de ano, defendendo que "as pessoas têm que se testar antes de estarem com os seus contactos familiares mais próximos, evitar contactos que possam ser de risco".

"Porque efetivamente nós ainda não debelámos esta crise sanitária, ainda continuamos a estar perante um inimigo comum cujo rosto ainda é, nas suas variantes, desconhecido e portanto todos os cuidados são poucos para que possamos de facto estar em segurança", salientou.

Apesar de aplaudir que Portugal esteja a "apostar, e bem, fortemente na testagem", Inês Sousa Real pediu que seja assegurado o "acesso universal" aos testes e "em todo o território nacional", apontando que a capacidade "não está a ser a mesma em todos os distritos do país".

E considerou que "seria importante que o Governo esclarecesse em que medida é que vai ser feito o controlo dos auto-testes".

Para o PAN, é necessário também um reforço dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde, mais oferta nos transportes públicos e protocolos entre as autarquias e as empresas de transporte individual de passageiros para que as refeições cheguem "às pessoas mais carenciadas nestes dias".

O líder do Chega defendeu esta terça-feira que o Governo deve avançar imediatamente com um "suplemento de apoio extraordinário" para compensar os setores mais afetados pelas novas medidas de contenção da covid-19.

"O que nós pedimos ao Governo é que crie e lance já, imediatamente, um suplemento de apoio extraordinário", afirmou André Ventura, indicando que a ajuda deve ser direcionada para os setores dos bares, discotecas, eventos, restauração, hotelaria e turismo.

O presidente do Chega falava em conferência de imprensa, no Funchal, ainda antes de as novas medidas serem comunicadas pelo chefe do executivo socialista, António Costa, na sequência da reunião do Conselho de Ministros.

André Ventura considerou algumas das medidas "desproporcionais", como o encerramento de bares e discotecas no continente a partir de 25 de dezembro, a obrigatoriedade de apresentação teste negativo antigénio, além do certificado de vacinação, para acesso a eventos de final de ano em hotéis e restaurantes, e as limitações na lotação dos centros comerciais.

"Para quê estarmos com medidas desproporcionais, gravosas para as liberdades das pessoas, numa altura destas?", questionou, vincando que "o Governo anda a ziguezaguear" e que a reação do Chega é "muito crítica".

E reforçou afirmando ser necessário um "forte apoio para compensar o desastre" que "verdadeiramente aí vem".

"Se estas são, tal como fomos informados, a medidas que estão em cima da mesa, nós vamos passar mal, a economia vai passar mal e o número de desempregados vai aumentar já no início do próximo ano e isso é bastante grave", declarou.

André Ventura reconhece que o número de casos de covid-19 está a aumentar e que a Europa está em "sinal de grande contenção", mas considera que "este irracional tem de parar algum dia".

"Não percebemos que o governo avance para isto sem ter apoio extraordinário definido", vincou.

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