A pandemia de covid-19 provocou "a escalada" de discursos xenofóbicos e racistas e exacerbou "a exclusão social daqueles que já estavam em situação vulnerável", alertou esta terça-feira o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André.."A pandemia de covid-19 exacerbou e sublinhou o que falta fazer em termos de direitos humanos, promovendo a desorganização das comunidades e sendo o terreno fértil para a escalada de práticas e discursos xenofóbicos e antissemíticos", sublinhou, na sessão de abertura da Conferência de Alto Nível "Proteção contra a Discriminação Racial e Intolerância Relacionada", organizada pela presidência portuguesa do Conselho da UE..Esta é "uma tendência perigosa", alertou, assinalando que "isto veio exacerbar a exclusão social, a estigmatização, daqueles que já estavam em situação vulnerável", além de "comprometer a coesão e o desenvolvimento sociais".."A intolerância é uma violação dos Direitos Humanos. Não há superioridade política, biológica ou cultural que se possa validamente evocar", sublinhou Francisco André, que falou em representação da presidência portuguesa da UE..O responsável apontou ainda para o facto de que "nalguns países os quadros jurídicos antidiscriminatórios ou não existem ou não estão alinhados com os instrumentos internacionais, o que tem de mudar", frisou..Lembrando que "a luta contra todas as formas de discriminação é uma prioridade para o Governo e para a presidência portuguesa" do Conselho da UE, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros sublinhou a necessidade de "reforçar uma União Europeia em que todos sejam iguais e recebam um tratamento igual"..No quadro nacional, referiu, o Governo estabeleceu este ano "um grupo de trabalho composto por peritos e representantes da sociedade civil para avaliar a situação nacional e propor formas de lutar contra o racismo e discriminação"."O resultado está agora em consulta pública até meados de maio e será aprovado a título do primeiro programa nacional contra o racismo e discriminação", indicou..Já no ano passado foi lançado, em junho, o programa Nunca Esquecer, que "pretende fomentar a consciencialização e promover a investigação sobre o Holocausto e Direitos Humanos, nomeadamente o esforço português no sentido de proteção e apoio às vítimas do nazismo", explicou o governante..Francisco André considerou que "a comunidade académica e a comunicação social podem também desempenhar um papel fundamental" no combate ao discurso de ódio e ao racismo.."Os estereótipos e preconceitos perpetuam modelos de discriminação baseados na ideia de que há quem seja superior a outrem. (...) Embora a luta contra o xenofobismo, antissemitismo e anticiganismo tenham as suas próprias especificidades, são todas estirpes de um vírus comum", vincou..Organizada pela presidência portuguesa do Conselho da UE, em parceria com o Programa Nunca Esquecer, a Conferência de Alto Nível "Proteção contra a Discriminação Racial e Intolerância Relacionada" insere-se nos programas do "Trio de Presidências" (Alemanha, Portugal, Eslovénia) e da PPUE e integra-se numa série de iniciativas relacionadas com a promoção dos valores democráticos europeus.