Futuro líder da JSD quer igualdade territorial e quatro dias de trabalho
Termina este domingo o 28.º Congresso da JSD, que desde sexta-feira decorre no Campo Pequeno. A reunião magna dos mais jovens das fileiras sociais-democratas é eletiva e traz um novo rosto à liderança: João Pedro Louro. Ao DN, depois de questionado sobre se o facto de não ser deputado à Assembleia da República pode ser uma desvantagem, garantiu que não. “É uma oportunidade para a JSD estar junto dos jovens em todo o território nacional. É isso que eu procuro dar à JSD, uma JSD todo-o-terreno”, explicou.
João Pedro Louro sucede, assim, a Alexandre Poço. Nos 50 anos de história desta juventude partidária, o novo líder, eleito hoje sem opositores, é o 15.º de uma lista que começou em 1978, oficialmente, de acordo com a página da JSD. Não é deputado, o que é raro entre os presidentes da JSD. É apenas o terceiro presidente que assume o cargo sem ter um mandato popular no Parlamento, mas também não é algo que o demova.
Durante a conversa com o DN, o novo presidente assumiu que quer estar “junto das associações de estudantes, junto das associações juvenis, junto dos grupos de jovens. Verdadeiramente próximo da juventude portuguesa”. Além disso, está confortável por ter bons contactos no hemiciclo e, para já, não estar lá não é algo que o “fragilize”.
Para João Pedro Louro, o novo líder da JSD, "a imigração é uma oportunidade para fixar pessoas em territórios hoje de baixa densidade populacional, mas também no sentido de renovar gerações”.
“A JSD tem deputados na Assembleia da República com quem eu estou muito articulado, com quem conto bastante, com quem trabalharei em conjunto, a dar voz à juventude, aos anseios, às preocupações e aos desafios das novas gerações”, sublinha.
Entre a linhagem de antigos presidentes da JSD há nomes incontornáveis no atual e nos anteriores governos, a começar pelo antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que teve o maior mandato à frente da juventude do PSD, entre março de 1990 até dezembro de 1995.
Mais próxima das novas gerações e da atualidade política está Margarida Balseiro Lopes, a única mulher que até agora liderou a JSD. A atual ministra da Juventude e Modernização ocupou o cargo entre abril de 2018 e julho de 2020.
Também o atual ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, esteve à frente dos jovens do PSD, entre setembro de 1998 e setembro de 2002, quando o partido entrou na era digital.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, também passou dois anos a liderar a JSD, entre dezembro de 2012 e dezembro de 2014.
“Desafios da emancipação”
Mas o próximo mandato de dois anos já tem um dono, João Pedro Louro, que quer trazer inovações, não só para a JSD como para o país, para responder aos desafios que o governo enfrenta, explica.
Para perseguir este objetivo promete que a JSD será, por um lado, “uma âncora de estabilidade para a governação da Aliança Democrática”, mas, por outro, será “a voz da juventude junto do partido e, por consequência, junto do governo”.
“A JSD, historicamente, nunca foi uma caixa de ressonância do PSD, foi, sim, a voz da juventude junto do partido, e eu pretendo honrar esse legado histórico da JSD”, acrescenta.
Quanto aos seus objetivos concretos à frente da juventude, João Pedro Louro, em declarações ao DN, e quase em jeito de campanha eleitoral extemporânea, aponta para “desafios da emancipação”.
A explicação do que quer dizer com esta designação não se faz tardar e passa por “não deixar cair” uma proposta que o PSD tem sustentado desde a legislatura anterior: “A implementação do IRS jovem, com o limite de 15%.”
Mas na manga guarda ainda outras cartas, que pode utilizar mais tarde.
João Pedro Louro diz querer enfrentar “os desafios da coesão territorial”.
“Quero construir um país mais coeso e mais equilibrado, e por isso defendo a abertura de uma delegação da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo] num território de baixa densidade populacional, para atrair e alocar investimento para estas regiões”, explica, não disfarçando o entusiasmo.
Questionado sobre se a imigração poderia responder aos dados que apontam para uma baixa densidade demográfica no interior, admite a possibilidade, ainda que não seja o seu objetivo. “A imigração é uma oportunidade para fixar pessoas em territórios hoje de baixa densidade populacional, mas também no sentido de renovar gerações.” Porém, o foco está centrado em “garantir a igualdade de oportunidades em todo o território”, algo que considera não estar garantido.
Para além de tudo isto, João Pedro Louro defende a “implementação da semana de quatro dias de trabalho”, justificando que a sua “geração não quer apenas viver para trabalhar, quer trabalhar para viver, e é fundamental uma maior integração da vida profissional com a vida pessoal, no sentido de darmos mais qualidade de vida às pessoas para que elas possam construir o seu projeto de felicidade”.