Eleições europeias: Nuno Melo associa voto no Chega a apoio a Putin contra a Ucrânia
Paulo Novais/Lusa

Eleições europeias: Nuno Melo associa voto no Chega a apoio a Putin contra a Ucrânia

Discurso de encerramento do 31.º Congresso do CDS-PP serviu ao líder reeleito para apelar aos eleitores que "não se deixem enganar" a 9 de junho. Também não faltaram críticas ao PS e uma defesa da participação centrista no Governo de Luís Montenegro, com quem Melo concertou as comemorações oficiais do 25 de Novembro.
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O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, reeleito neste domingo para um segundo mandato de dois anos, aproveitou o seu discurso de vitória para associar o voto no Chega nas eleições europeias de 9 de junho a um apoio ao regime de Vladimir Putin e à invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Nas próximas eleições europeias, a opção nas urnas será entre a tolerância e os extremismos, entre os que se reveem nas lideranças de Helmut Kohl, Margaret Thatcher e Carl Bildt e os novos adoradores de Putin e de Lukachenko", disse o líder centrista, sublinhando que está em causa uma escolha "entre os que lutam publicamente pela libertação da Ucrânia, e os que vão a votos nas nossas democracias, mas se passeiam na Praça Vermelha de Moscovo, levando na camisola o rosto do ditador russo".

Referindo-se especificamente ao quadro partidiário nacional, Nuno Melo defendeu que "a opção será entre os que são amigos e aliados de uns, e os que são amigos e aliados dos outros", apelando aos portugueses que "não se deixem enganar" quando têm no seu voto a "arma política necessária" para a defesa do conceito de liberdade. Um conceito que o agora ministro da Defesa Nacional considerou "ameçado pelo crescimento da extrema-esquerda nostálgica do imperalismo soviético e pela extrema-direita simpatizante, e por vezes aliada, do imperialismo de Putin".

Ainda antes das eleições europeias de 9 de junho, em que o CDS-PP vai integrar as listas da Aliança Democrática, que serão aprovadas nesta segunda-feira - havendo indicações de que os centristas terão direito ao quarto lugar da lista, claramente elegível, para o qual estão a ser apontadas hipóteses como a dirigente nacional Raquel Paradela Faustino, a vereadora portuense Catarina Araújo ou a ex-deputada Cecília Meireles -, irão decorrer as eleições regionais antecipadas na Madeira.

Referindo-se ao desafio eleitoral de 26 de maio, Melo disse que o seu partido "não tem responsabilidades no detonar da crise", com uma investigação judicial ao alegado favorecimento de grupos económicos em que o presidente demissionário do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido. E apresentou o CDS-PP, que terá listas próprias liderados pelo novo líder regional José Manuel Rodrigues, como "um partido com capacidade de construir estabilidade e soluções".

Críticas ao PS e defesa do Governo

Sobre a atualidade nacional, o presidente reeleito do CDS-PP não poupou críticas à governação socialista, considerando que "a crise legada pela esquerda é fundamentalmente social", e não menos grave do que a crise económica e financeira deixada em 2011 à anterior governação de centro-direita. "Se antes legaram a troika, agora trouxeram o colapso ao Serviço Nacional de Saúde, a instabilidade à escola pública, a porta de saída aos jovens, o desperdício à agricultura, a anarquia à habitação, as dificuldades às empresas e os problemas ao setor social", disse. 

Sobre as críticas feito ao Governo de Luís Montenegro, com o PSD representado na sessão de encerramento do 31.º Congresso do CDS-PP pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, Nuno Melo referiu-se à questão da reversão do logótipo da República Portuguesa, realçando que os socialistas "não perceberam que nunca esteve em causa a estética, mas sim a essência", na medida em que retirar a esfera armilar significou apagar "o único elemento perene em todas as bandeiras nacionais" existentes ao longo dos séculos.

Quanto às críticas dirigidas à redução de impostos sobre o rendimento, considerada um "embuste" por estar muito aquém das expectativas, o líder centrista disse ser "difícil encontrar um adjetivo que qualifique" a reação do PS, que nas suas palavras "durante oito anos bateu todos os recordes de carga fiscal", aumentando IRS, IRC, IMI, IUC e ISP. A esse propósito, Melo acusou os socialistas de se encontrarem "em processo amnésico acelerado", tal como no primeiro dia do congresso do CDS-PP fora anunciada a intenção de chamar o ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, a explicar na Assembleia da República "contas vendidas como certas, mas por vezes maquilhadas, aproveitando o efeito da inflação".

Anúncio de comemorações oficiais do 25 de Novembro

O discurso de Nuno Melo aos congressistas reunidos no Pavilhão Cidade de Viseu terminou com um anúncio oficial, pois Nuno Melo disse ter concertado com o primeiro-ministro Luís Montenegro a criação de uma Comissão para as Comemorações Nacionais dos 50 Anos do 25 de Novembro. Essa estrutura, que tem cerca de um ano e meio até à efeméride, foi descrita pelo ministro da Defesa Nacional como "plural e justa, com militares e civis", visando fazer justiça a uma "data primorial e também ela fundamental da Democracia em Portugal".

Antes disso, o líder centrista prometeu deixar as Forças Armadas "em melhor situação do que a recebida", esperando poder dizer "missão cumprida" no final do seu mandato, através da melhoria do estado operacional, da existência dos antigos combatentes ou da eficiência das unidades industriais do setor da Defesa, além de "travar o declínio no recrutamento para as Forças Armadas".

Destacando ser o quinto dirigente do CDS-PP a assumir funções enquanto ministro da Defesa, após Adelino Amaro da Costa, Diogo Freitas do Amaral, Luís Azevedo Coutinho e Paulo Portas, Nuno Melo referiu-se especificamente ao papel da NATO numa altura em que existe uma guerra em curso na Europa. "Cada cêntimo, cada munição, cada sistema de defesa aérea entregue à Ucrânia, não é caridade. É investimento e é uma obrigação. Na Ucrânia há soldados que morrem todos os dias para que não tenhamos de combater, amanhã, em defesa das nossas liberdades", disse, congratulando-se por o Congresso dos Estados Unidos ter "finalmente" aprovado um pacote de 61 mil milhões de dólares de ajuda militar ao regime de Kiev.

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