Mariana Leitão era chefe de gabinete do grupo parlamentar da Iniciativa Liberal
Mariana Leitão era chefe de gabinete do grupo parlamentar da Iniciativa LiberalPedro Correia / Global Imagens

Duas novidades no partido que quer retomar a política de crescimento

Mariana Leitão e Mário Amorim Lopes passam de deputados municipais para o Palácio de São Bento. Liberais elegem pela primeira vez em Aveiro, mas recuam em Lisboa.
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Ainda está por provar que a Iniciativa Liberal não aumentará o seu grupo parlamentar, mas qualquer ambição de o ex-líder João Cotrim de Figueiredo (até agora deputado por Lisboa) deser eleito pelo Círculo da Europa - ou de Teresa Vaz Antunes o conseguir pelo de Fora da Europa - ultrapassa as melhores expectativas do partido. Aquando da tomada de posse dos deputados para a próxima legislatura deverão voltar a estar oito liberais na Assembleia da República, com a diferença que Cotrim de Figueiredo (quase de certo fora da AR) e Carla Castro (que recusou o 7.º lugar por Lisboa, e já se desfiliou) deixarão uma bancada que só terá dois rostos novos: Mariana Leitão, 2.ª por Lisboa, onde a IL perdeu um dos quatro mandatos, e Mário Amorim Lopes, cabeça de lista por Aveiro, círculo em que o partido elegeu pela primeira vez.

Com a participação da IL num futuro Executivo da Aliança Democrática quase afastada pelo facto de os seus deputados não garantirem 116 deputados, Mariana Leitão garante ao DN estar “muito motivada e muito satisfeita” com a oportunidade que terá de “dar voz às ideias liberais”. O Palácio de São Bento não é uma novidade para a gestora de 41 anos, que se tornou chefe de gabinete do grupo parlamentar em 2023, tendo a certeza de que essa experiência “será muito valiosa” no que toca ao conhecimento do funcionamento da Assembleia da República.

Eleita num círculo em que a IL perdeu votos (6494) em relação às últimas legislativas, e um dos quatro mandatos que detinha, Mariana Leitão ganhou experiência a debater como deputada da Assembleia Municipal de Oeiras, irritando Isaltino Morais com o escrutínio do Executivo camarário, nomeadamente no caso dos bilhetes de festivais musicais oferecidos a autarcas após o seu promotor beneficiar de isenções de taxas municipais.

Isaltino Morais chegou a acusar a representante dos liberais de se preparar para outros voos, o que a agora eleita para a Assembleia da República diz não fazer sentido, pois na altura “estávamos longe de imaginar que este cenário se iria verificar”. Isto é, a demissão de António Costa e as eleições antecipadas.

De qualquer forma, garante ao DN que “não sai da Assembleia Municipal de Oeiras por completo”. Em vista disso, limitar-se-á a suspender o mandato, tentando “conciliar as duas realidades”.

Entre os desafios que espera enfrentar num hemiciclo marcado pelo enorme reforço da presença do Chega, o que pode criar a possibilidade de a aprovação de “algumas propostas muito válidas da IL que não foram aprovados devido ao voto contrário do PS” ficarem dependentes do partido de André Ventura, estão a baixa de impostos, a criação do círculo de compensação e a resolução de “problemas estruturais” na Saúde e transportes. “Vamos ver como se comportarão os deputados dos diversos partidos”, diz Mariana Leitão.

“Alienígena” bem-sucedido

A Mário Amorim Lopes coube a honra de ter sido o único protagonista de uma estreia da IL num dos círculos em que tinha o objetivo de eleger pela primeira vez. Mais 5377 votos do que em 2022, passando de 4,47% para 5,11%, bastaram para que o professor universitário de 39 anos se junte a Rui Rocha, Carlos Guimarães Pinto, Patrícia Gilvaz, Bernardo Blanco, Rodrigo Saraiva e Joana Cordeiro, e a Mariana Leitão, numa bancada agora mais próxima do centro do hemiciclo por força da quadruplicação do grupo parlamentar do Chega.

Mas não foi um caminho fácil para o novo deputado. Escolhido pela liderança de Rui Rocha, à revelia das estruturas locais da IL, que tinham outro cabeça de lista em mente, o deputado da Assembleia Municipal do Porto chegou a ser apelidado de “candidato alienígena ao distrito”. Garante ao DN que tudo isso foi ultrapassado, com a participação dos núcleos locais numa campanha eleitoral em que foi “muito bem recebido” e que, além de visitas a empresas, também incluiu passagens por muitas “feiras e mercados onde não está o [seu] eleitorado tradicional”.

“Estamos a tornar-nos um partido mais popular”, garante o “filho adotivo do Distrito de Aveiro”, o qual vê como “a montra do Portugal do futuro”, sem pessoas “que vivem de mão estendida, à espera que o Estado lhes resolva os problemas”.

A IL ainda não definiu como irá distribuir as comissões parlamentares pelos oito deputados, mas Amorim Lopes teria preferência pela da Saúde, tendo em conta a sua área de atividade profissional. Quanto às suas preocupações para a legislatura, destaca os 50 anos do 25 de Abril, com “o muito que foi feito e o tanto que ainda falta fazer neste país”. Aquilo a que chama um Portugal próspero, além de ser um Portugal livre.

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