De quem se fala para substituir Temido. As escolhas do aparelho do PS e as outras

A escolha para a Saúde estará - se já estiver - na cabeça do primeiro-ministro mas no PS vários nomes são objeto de especulação. O que reúne melhor currículo é, de longe, o de Fernando Araújo, presidente do Hospital de S. João, no Porto
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Manuel Pizarro, 58 anos, eurodeputado, e António Lacerda Sales, 62, ainda secretário de Estado adjunto de Marta Temido. Ambos são médicos - o primeiro de medicina geral e o segundo ortopedista especialista em medicina desportiva (mantendo ainda atividade, segundo o seu perfil no site do Governo).

Têm ambos algum peso nos aparelhos distritais do PS: Pizarro no Porto e Sales em Leiria. Pizarro foi secretário de Estado da Saúde de 2008 a 2011 e Sales ocupa a pasta desde 2019. Foram também os dois deputados eleitos à AR. Têm portanto perfis profissionais e políticos algo parecidos e neste momento são dois dos nomes de que o PS fala para a substituição de Marta Temido na pasta da Saúde.

Seriam escolhas de aparelho e, sendo ambos políticos profissionais, assegurariam cuidado na exposição pública, além de alinhamento incondicional com o primeiro-ministro. Governantes que querem ser reconduzidos nas listas eleitorais do seu partido não se inclinam para atrevimentos autonomistas.

Contudo, quem parece reunir melhor curriculum para a tarefa é um outro médico, Fernando Araújo, 56 anos, também médico (especialista em imuno-hemoterapia) e, além disso, professor catedrático. Não é militante do PS mas foi secretário de Estado adjunto e da Saúde de novembro de 2015 a outubro de 2018 (o ministro era Adalberto Campos Fernandes e o primeiro-ministro António Costa).

DestaquedestaqueO primeiro-ministro anunciou que não tem pressa para substituir Temido. Esta, até sair, dentro de duas semanas, terá de escolher o novo diretor-geral do SNS.

Por convite de Marta Temido, preside desde fevereiro de 2019 ao Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ). O seu trabalho aqui tem sido objeto de vários elogios, nomeadamente em tudo o que se relacionou com a pandemia de covid-19. Escreve com regularidade no "Jornal de Notícias" e tem-se vindo a tornar progressivamente mais crítico da gestão do SNS e da ação da (ainda) ministra.

Em 27 de julho assinou um artigo considerando pura e simplesmente "i-na-pli-cá-vel" o novo o diploma da valorização das horas extras dos médicos em serviço de urgência. Também contestou uma portaria que estabelecia prémios remuneratórios a gestores públicos do SNS, recusando ser premiado. Porque, citando Camões, "o fraco rei faz fraca a forte gente" e enquanto "as tropas não forem valorizadas os generais não poderão ser premiados", correndo-se com isso o risco "de criar desconfiança, desmotivação e caos no exército". Currículo como médico, cientista, professor e gestor do SNS não lhe falta. Nem pensamento crítico - o que talvez contribua para não ser o escolhido. Não se sabe, de qualquer forma, se aceitaria o convite, caso viesse a acontecer.

A lista dos ministeriáveis inclui ainda dois outros ex-secretários de Estado: uma é Rosa Matos, 60 anos, administradora hospitalar, que foi secretária de Estado da Saúde entre 2017 e 2018 (na altura era casada com o eurodeputado do PS Carlos Zorrinho, assinando com o apelido do marido). Já administrou hospitais públicos e dirigiu durante seis anos (2006-2011) a ARS do Alentejo.

O outro ex-secretário de Estado é Luís Goes Pinheiro, 47 anos, que deteve durante um ano (2018-2019) a pasta da Modernização Administrativa. Dirigindo agora os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, é no entanto alguém cuja carreira se desenvolveu essencialmente nos setores da Justiça e da Administração Interna. Licenciado em Direito, é especialista em simplificação administrativa e governação eletrónica.

Uma escolha surpresa poderia ser a do anestesista Rui Guimarães, cuja liderança do Centro Hospitalar Gaia/Espinho tem sido elogiada, como já tinha sido quando foi diretor clínico em Barcelos (dirigindo um inovador programa de diminuição de falsas urgências).

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