O presidente do Chega, André Ventura, apontou o “Não Passarão”, evento “contra o racismo, contra o fascismo e contra a islamofobia”, que foi marcado para as 15.00 deste domingo, no Largo do Intendente, como “uma contramanifestação” que poderá motivar confrontos com os participantes na “manifestação contra a imigração descontrolada e a insegurança nas ruas”, que o seu partido promove em Lisboa no mesmo dia, a partir das 15.30, entre a Alameda e o Martim Moniz, através da Avenida Almirante Reis, pelo que uns e outros ficarão muito próximos..Procurando lançar para a esquerda o ónus de eventuais incidentes, André Ventura apelou ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e à coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, para que os respetivos partidos não promovam o evento convocado por coletivos de esquerda - algo que disse já ter sido feito pela líder parlamentar socialista Alexandra Leitão -, acrescentando que as autoridades não deviam permitir “uma provocação e uma incitação à violência que nós não aceitamos”..Numa declaração feita na Assembleia da República, na sequência de notícias sobre a infiltração da manifestação do Chega por “organizações nacionais e internacionais”, convocada inicialmente para 21 de setembro, acabando por ser adiada para este domingo, numa decisão justificada pelos incêndios florestais em Portugal, Ventura disse que o seu partido apela a todos, sobretudo aos líderes partidários, que “metam a mão na consciência”. Para o líder do partido de direita radical, que espera ter consigo milhares de pessoas na manifestação, encarada dentro do seu partido como um momento de afirmação política, “provocações e insultos, e a tentativa de boicotar o trajeto que os manifestantes vão fazer no domingo poderão levar a situações absolutamente indesejáveis para a ordem pública”..Apesar de a descida da avenida lisboeta mais conotada com imigração não implicar que se atravesse o contíguo Largo do Intendente, o líder do Chega insistiu em que “do outro lado do espetro político estão a tentar criar uma contramanifestação contra a nossa presença na rua”. E defendeu que isso poderá estar a acontecer “para que depois venham dizer que houve desacatos e perturbações da ordem pública”..Referindo-se à Marxa Cabral, que no sábado passado desceu do Marquês de Pombal ao Rossio, em homenagem ao líder cabo-verdiano Amílcar Cabral e a favor da imigração, Ventura contrapôs que decorreu “com tranquilidade, sem qualquer interferência do Chega”, apesar dos cartazes com frases negativos contra o partido e contra si, até porque inicialmente iria decorrer em simultâneo com a manifestação contra a imigração descontrolada. “É esse respeito que esperamos que tenham no domingo”, disse..Todos bem-vindos.No que toca a notícias sobre tentativas de infiltração por parte de elementos de extrema-direita, o líder do Chega disse que “qualquer tentativa de associar esta manifestação a qualquer grupo não corresponde à realidade dos factos”. E garantiu que não houve contactos do seu partido com movimentos nacionalistas, como o Grupo 1143 e o Reconquista, cujos membros irão participar na manifestação, mas supostamente sem elementos que os identifiquem explicitamente enquanto tal..Ainda assim, Ventura ressalvou que os participantes serão bem-vindos, dentro de certas condições. “Todos os cidadãos, de esquerda, de direita e de centro, que se queiram juntar à manifestação, sejam do Grupo A, Grupo B ou Grupo C, terão os seguintes requisitos: não haver caracterização específica, cumprir a lei e as regras, respeitar as instruções das autoridades policiais e respeitar os procedimentos da organização do Chega”, disse..Esperando ver “as ruas de Lisboa verdadeiramente preenchidas por cidadãos comuns, militantes e não militantes, que se reveem na luta contra a imigração descontrolada”, o líder do Chega repetiu diversas vezes a “permanente articulação com as forças policiais, que terão mobilização especial” no domingo. “Tudo o que entendemos que seja suspeito estamos a partilhar em tempo real com as autoridades”, disse.