A decisão do CDS quanto às eleições presidenciais de 18 de janeiro de 2026 passará pelo apoio da liderança à candidatura de Marques Mendes. Numa reunião da Comissão Executiva realizada na noite desta quarta-feira, num restaurante da Parede, o núcleo duro dos centristas terá decidido que Nuno Melo manifestará publicamente apoio ao antigo líder social-democrata na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Algo que envolverá um encontro entre os dois políticos, nesta semana, sendo incerto, à hora de fecho desta edição, se Mendes iria deslocar-se ao local onde decorria a reunião. Com o CDS muito dividido entre diversas candidaturas, e ainda a viver a ressaca da confirmação de que o líder histórico Paulo Ports não está disponível para a corrida ao Palácio de Belém, disputando o centro-direita com Marques Mendes, outro político que seguiu o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa nos espaços de comentário televisivos, o DN apurou que a Comissão Executiva do CDS decidiu demonstrar que os seus dirigentes estão com a candidatura apoiada pelo parceiro de coligação, ainda que as presidenciais não estejam previstas no acordo com o PSD. Sem grandes ilusões quanto a uma total mobilização dos militantes em torno de Mendes, que as últimas sondagens mostram estar encaminhado para passar à segunda volta, que não se realiza desde 1986, quando Mário Soares derrotou Freitas do Amaral, a liderança centrista espera que a posição de Nuno Melo permita conter a dispersão de apoios a várias candidaturas presidenciais. Incluindo algumas que poderão vir a ser capitalizadas por partidos que disputam eleitores com o CDS, como a do eurodeputado e ex-presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo. Para a candidatura de Marques Mendes, além dos votos dos centristas, os meios de campanha do partido - incluindo locais de afixação de propaganda política - serão importantes para o que se antevê ser uma disputa muito apertada.A divisão entre os centristas ficou patente na decisão da Juventude Popular, divulgada no fim-de-semana passado, na Escola de Quadros, de que daria liberdade de voto aos militantes. Ao que o DN apurou, a antecipação da organização juvenil não agradou ao líder centrista, também ministro da Defesa Nacional..Presidenciais. Escola de Quadros da Juventude Popular junta Cotrim e Seguro.O processo de decisão de apoio a uma candidatura presidencial ficou nas mãos da Comissão Executiva depois de uma reunião do Conselho Nacional, realizada a 28 de outubro, em que Nuno Melo afirmou que os centristas iriam excluir “extremos de quaisquer matizes” da ponderação entre “candidatos que sejam expressão daquilo que é um Estado de Direito democrático”.Numa reunião marcada pela confirmação de que Paulo Portas comunicara a sua indisponibilidade, a posição do partido ficou então adiada por uma semana, que acabaria por se prolongar mais alguns dias. “Ouvidos todos os conselheiros nacionais, pedirei mandato para que, numa reunião muito próxima da Comissão Executiva do partido, seja então decidida essa candidatura”, disse Nuno Melo, referindo que, apesar de alguns dirigentes e militantes do partido terem manifestado posições pessoais, faltava ainda “uma posição que seja institucional do partido”. Mas acrescentou que o CDS “é um dos partidos que integra a AD e está no Governo”, sendo preciso ter em conta “as circunstâncias”..Centristas divididos.Marques MendesA Comissão de Honra do candidato a Belém apoiado pelo PSD tem o antigo ministro centrista Pedro Mota Soares, reeleito para a Assembleia Municipal de Cascais nas listas da coligação PSD-CDS. Também com Marques Mendes está o antigo deputado Diogo Feio, um dos primeiros a assumir tal escolha (tal como a entretanto falecida Teresa Caeiro, que deixara de ser militante do partido). Mais recente é a junção de Luís Queiró, atual presidente do Conselho Nacional do CDS. Gouveia e MeloO antigo coordenador da taskforce para a vacinação contra a covid-19 não teve falta de respaldo no CDS mesmo antes de confirmar a entrada na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Desde logo o do anterior líder Francisco Rodrigues dos Santos, que tem assumido a condição de apoiante de Gouveia e Melo enquanto comentador televisivo. E, além do ex-deputado Miguel Arrobas e do antigo vice-presidente Pedro Melo, duas das principais figuras dos centristas nas regiões autónomas estão com o almirante: Artur Lima, que é vice-presidente do Governo Regional dos Açores, e José Manuel Rodrigues, antigo presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira e atual secretário regional da Economia.Cotrim de FigueiredoO eurodeputado e antigo líder da Iniciativa Liberal divulgou o apoio de antigos dirigentes centristas - Cruz Vilaça, Cavaleiro Brandão, Miguel Baumgartner e Nuno Trindade Gusmão -, mas espera reunir mais alguns.António José SeguroVice-presidente do partido com Rodrigues dos Santos e Nuno Melo, o médico João Varandas Fernandes revelou ao DN que apoia Seguro.