A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu hoje, em Covas do Barroso, Boticas, que a mobilização da população e autarcas ainda pode travar a exploração mineira e que este processo merece ser investigado."Esta mobilização hoje mostra que ainda é possível travar e que ainda é possível resistir. A resistência da população tem permitido atrasar estes projetos e o país deve agradecer", afirmou Mariana Mortágua.A coordenadora do BE juntou-se a uma manifestação em Covas do Barroso, concelho de Boticas, contra a exploração de lítio e a servidão administrativa emitida pelo Governo, que permite que a Savannah aceda a terrenos privados e baldios para a prospeção de lítio. .Lítio em Boticas. “Processo de expropriação começa nos próximos dias”.Lítio: Câmara de Montalegre admite recorrer após rejeição de providência cautelar. "Quando uma exploração económica que depende da extração de recursos naturais é feita com oposição da população durante tanto é porque não pode ser feita. Só isso é um sinal que ela não pode ser feita, porque se ela fosse boa para a região as pessoas que aqui estão seriam as primeiras interessadas", salientou Mariana Mortágua.E, defendeu, "neste momento a solução para travar estes projetos é a mobilização das populações e dos autarcas que se juntam às populações curiosamente para defender o território"."Querem fazer minas a céu aberto e construir barragens para os detritos destas minas com riscos para a população e para o ambiente e zona agrícola protegida mundialmente, é um disparate, é uma irresponsabilidade e nós confiamos nesta população para travar este processo e estamos cá com eles e faremos tudo o que for possível para travar este processo".A coordenadora do Bloco recordou que luta do povo do Barroso dura há anos e considerou que este é um processo que tem que ser investigado."A forma como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) foi dando pareceres favoráveis, mas condicionados sem olhar a características técnicas do projeto que podem por em causa sustentabilidade da zona, a forma como as autorizações foram dadas pelo Governo, inclusive, para haver uma expropriação dos solos de quem aqui vive e solos que são comunitários que são partilhados entre estas pessoas. Há uma série de passos deste processo que são muito questionáveis e que merecem ser investigados e questionados", frisou.Mariana Mortágua salientou ainda que "Portugal não é o quintal das grandes empresas" que poderão vir "retirar todo o valor que interessar por cima das populações para depois esses minérios serem refinados na Alemanha ou em qualquer outro sítio do mundo"."Esta população tem toda a razão do lado dela e é por isso que aqui estamos", sublinhou.A manifestação de hoje foi marcada pela associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) depois da secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, ter emitido um despacho, publicado a 06 de dezembro em Diário da República, que autoriza a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um ano, o que permite à empresa Savannah aceder a terrenos privados para a prospeção de lítio.Logo a seguir a UDCB disse não reconhecer legitimidade à decisão do Governo e a Savannah Resources anunciou poder "retomar o trabalho de campo e as perfurações necessárias" para o estudo definitivo (DFS) e o processo de conformidade ambiental do projeto lítio do Barroso, prevendo concluir estas etapas em 2025.A APA viabilizou ambientalmente a exploração de lítio na mina do Barroso emitindo uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável em maio de 2023, integrando um conjunto alargado de condicionantes.A empresa já disse que prevê iniciar a produção em 2027.