BE acusa ministro das Infraestruturas de lesar interesse público na CP
O BE entregou esta terça-feira na Assembleia da República um requerimento para ouvir o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, a propósito do plano de negócios para a CP - Comboios de Portugal. De acordo com o partido, em causa está o interesse da empresa em investir em “14 automotoras para serviços de alta velocidade”, que contrasta com a perspetiva do governante, ao afirmar que não é “saudável para o mercado o Estado investir tanto em comboios”.
Esta missiva bloquista partiu de uma notícia do jornal Público, de 8 de agosto, onde é sublinhada a perspetiva de Miguel Pinto Luz sobre o investimento na ferrovia.
Ao DN, a deputada do BE Marisa Matias, que assina o requerimento, disse não ser compreensível a posição do ministro, “até porque não cabe ao Governo tomar decisões a este respeito”.
Marisa Matias reforçou a ideia de que “a CP decidiu que deveria comprar 14 automotoras, especificamente para os serviços de alta velocidade, e não cabe ao ministro, não cabe ao Governo, tomar decisão em relação a esta decisão da CP”, sendo esta uma matéria sobre a qual deve pronunciar-se a Autoridade da Mobilidade e do Transporte.
Questionada sobre as eventuais consequências para o mercado de os serviços de alta velocidade poderem estar dependentes de uma única operadora, Marisa Matias lembra que “a CP desenvolve um serviço numa área estratégica” e que “ os caminhos de ferro são absolutamente fundamentais, não só para a modernização do país, mas também quando pensamos em desenvolvimento sustentável, como é o caso das alterações climáticas”.
“Portanto não percebemos qual é a perniciosidade que pode nos levar a um mercado neste tipo de investimento. A única explicação que pode haver é que o Governo queira favorecer operadores privados”, aponta a deputada, acrescentando que o partido entende que é melhor este serviço ser “cumprido pela CP do que colocando uma lógica de concorrência com os empresários privados. Não é compreensível a informação do ministro e é por isso que é necessário que sejam prestados esclarecimentos”, explica. “Cremos que a posição do ministro é lesiva do interesse público”, conclui.