António Costa reconhece: menos vacinas prolongam confinamento
O primeiro-ministro reconheceu hoje que a vacinação contra a covid-19 decorrerá, no primeiro trimestre, a metade da velocidade da que estava inicialmente prevista.
Falando aos jornalistas depois de mais uma reunião do Conselho de Ministros - que aprovou a regulamentação do estado de emergência para os próximos 15 dias -, António Costa afirmou que os atrasos na produção das vacinas pela indústria farmacêutica reduzem a velocidade do processo para metade.
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Portugal - disse - esperaria receber 4,4 milhões de doses no primeiro trimestre e afinal só receberá 1,98 milhões de doses.
Ora isso - acrescentou - é um "novo risco" no combate à pandemia que, conjugado com outro - o surgimento de novas variantes do vírus "que exigem cuidado redobrado" - levou o Governo a decidir que, no que toca a medidas de confinamento, "fica tudo como está".
O chefe do Governo esforçou-se por passar a mensagem de que as medidas de confinamento se manterão no essencial como estão pelo menos até ao final de março.
Segundo disse, logo a abrir a conferência de imprensa, "o confinamento está a produzir resultados". "Temos vindo a travar crescimento novos casos" e há uma "diminuição acentuada do risco de transmissibilidade". (Veja AQUI os dados revelados pelo PM).
Porém, "a situação continua extremamente grave" e isso verifica-se, sobretudo, com o "elevadíssimo número de óbitos diários" que são "absolutamente inaceitáveis", bem como com a pressão sobre os serviços de saúde. Assim, o confinamento terá de continuar a decorrer "ainda durante o mês de março".
E, aliás, - segundo acrescentou - é "extremamente prematuro" e "muito cedo" para falar em medidas de desconfinamento até porque isso "pode induzir em erro os cidadãos" e levá-los a pensar que podem começar a pensar em desconfinar dentro de uma ou duas semanas - e isso não vai acontecer.
"Faltam várias semanas para que esse debate [sobre o desconfinamento] possa ocorrer", afirmou. Acrescentado: "Estamos longe de conseguir atingir níveis de segurança."
Neste contexto, o chefe do Governo recusou dizer se as escolas reabrirão (ou não) antes das férias escolares da Páscoa (de 29 de março a 1 de abril). "É prematuro pensar se vamos poder regressar ao ensino presencial antes ou depois das férias da páscoa". Garantido, por outro lado, que até lá "não haverá seguramente festejos do Carnaval".
E quanto ao plano faseado de reabertura das escolas que o Presidente da República exigiu no seu novo decreto, "teremos tempo para ver".
Costa salientou o facto de o índice de transmissibilidade (Rt) da covid-19 estar agora em 0,77, "o mais baixo que o país já teve desde o início da pandemia".
Isso, por sua vez, "é muito visível na redução efetiva de novos casos diários, que depois de um fortíssimo crescimento no mês de janeiro tem vindo nas últimas semanas a ter uma quebra muito significativa".
A situação, porém, "continua a ser extremamente grave". Portugal continua a ter nos últimos 14 dias um nível de 960 caos de infeção por 100 mil habitantes, o que de acordo com a tabela do Centro Europeu de Controlo de Doenças é um nível extremamente grave, e que apesar da "trajetória descendente" das últimas semanas no número de casos diários, o nível de internamentos hospitalares é ainda elevado.
"Este elevado número de internados também se traduz num elevadíssimo número de internados em unidades de cuidados intensivos. Muitas vezes nos perguntaram ao longo desta pandemia qual era o limite e todas as semanas se tem ultrapassado o limite. E a verdade é que num esforço extraordinário dos nossos profissionais, da mobilização de todos os recursos, tem sido possível dar resposta àquilo que é necessário", acrescentou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2 355 410 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14 885 pessoas dos 778 369 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Na conferência de imprensa recusou ainda, por mais do que uma vez, responder às perguntas que lhe foram feitas sobre a medida do decreto presidencial que prevê limitações ao barulho nos prédios para não incomodar quem está em teletrabalho.
Quanto ao fim da proibição da venda de livros nos supermercados - também imposta pelo PR - mostrou-se resignado: "Temos de respeitar o que está no decreto."