Política
24 janeiro 2022 às 08h00

Costa ganhou o debate mas Rio convenceu mais eleitores

Secretário-geral socialista (42%) teve melhor prestação que o presidente social-democrata (39%), mas este ganhou entre os homens e os mais velhos.

Rafael Barbosa

Foi o debate mais importante desta campanha e António Costa (42%) venceu Rui Rio (39%) por muito pouco, de acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. Mas parece ter sido o líder social-democrata quem tirou mais vantagem do confronto: 40% dos que pretendem votar no PSD nas legislativas admitem que o frente a frente influenciou o seu sentido de voto. No caso do líder socialista, ajudou a sedimentar apenas 16% dos seus potenciais eleitores.

O trabalho de campo da sondagem começou a 16 de janeiro, três dias depois de um debate que três quartos dos inquiridos viram em direto (48%) ou através dos resumos que se multiplicaram nas televisões (26%). Os números mostram uma ligeira vantagem para António Costa em todos os parâmetros avaliados, mas dos resultados não se pode inferir que o socialista está ainda em vantagem para a "sondagem" das urnas, a 30 de janeiro.

É verdade que, segundo os inquiridos, Costa (43%) apareceu mais bem preparado que Rio (37%). Mas a diferença entre os dois reduz-se a cinco pontos percentuais quando o que está em causa são as ideias para o país do socialista (41%) e do social-democrata (36%). E encolhe para escassos três pontos quando está finalmente em causa decidir quem teve a melhor prestação.

E nesta questão em particular vale a pena analisar em detalhe como responderam os diferentes segmentos da amostra. Porque é olhando, por exemplo, para as faixas etárias que se percebe uma das mudanças mais importantes relativamente a barómetros anteriores: os portugueses com 65 ou mais anos, que têm sido sempre os mais fiéis apoiantes do líder do PS, deram a vitória no debate a Rui Rio (48%), com sete pontos de vantagem sobre António Costa (41%).

Outro dado significativo é o que diz respeito ao género: o socialista mantém um apoio folgado entre o eleitorado feminino (vence o debate com dez pontos de vantagem), mas perde entre os homens (que dão a vitória ao social-democrata com quatro pontos de vantagem). No que diz respeito à geografia, Costa vence o debate nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa, mas empata nas regiões Norte e Sul e perde no Centro. Rio vence nas duas faixas etárias mais velhas e perde nas duas mais novas.

Mas que impacto teve afinal o debate no sentido de voto dos portugueses? O facto de Costa ter vencido, ainda que por escassa margem, significa que continua a ser o favorito a vencer as eleições do próximo domingo? Não é possível responder de forma taxativa a essa questão. E os dados de uma última pergunta até indiciam que pode muito bem ser ao contrário.

É verdade que 73% dos portugueses afirmam que o frente a frente entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro não influenciou o seu sentido de voto. Mas há 23% que admitem que a prestação de ambos foi importante. E numa eleição que se poderá decidir por margens pequenas, é uma fatia de potenciais eleitores mais do que suficiente para decidir o resultado final.

Analisando os segmentos de voto, fica claro que o debate foi mais importante para sedimentar o voto em Rui Rio do que em António Costa, seja porque permitiu dissipar hesitações, seja porque lhe permitiu convencer novos eleitores. Certo é que 40% dos que agora dizem votar no PSD o vão fazer influenciados pela prestação de Rui Rio no debate. No PS são apenas 16%.

rafael@jn.pt

FICHA TÉCNICA

A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN, TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade política.

O trabalho de campo decorreu entre os dias 16 e 21 de janeiro de 2022 e foram recolhidas 965 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal.

Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 965 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,016 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,15%).

Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.