Albuquerque avisa Governo: “Tem de servir os interesses” da Madeira se quer contar com a região
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, deixou este domingo vários avisos à figura ausente mais marcante da Festa do Chão da Lagoa: o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que, a meio da semana passada, cancelou por motivos de saúde todos os seus compromissos oficiais.
“Nós sabemos, aqui na Madeira, que ele pode contar com a Madeira, mas ele também sabe que, para contar com a Madeira, o Governo Nacional tem de servir os interesses da nossa região”, advertiu Miguel Albuquerque, dirigindo-se a Montenegro.
O líder do Governo madeirense falava a militantes e membros da estrutura regional do PSD, entre milhares de pessoas, que se encontravam no maior evento partidário da Madeira, tal como foi considerado em 2015 pelo ex-presidente social-democrata, Rui Rio.
Mas as palavras também foram pensadas na delegação nacional do PSD, encabeçada pelo secretário-geral do partido, Hugo Soares, que substituiu Luís Montenegro naquele planalto no Funchal.
Na chegada à festa, Hugo Soares foi questionado pelos jornalistas sobre se, caso não estivesse doente, o líder do PSD iria à Madeira. A resposta foi afirmativa.
“Tivemos de cancelar por força, precisamente, da doença que o atacou”, justificou. E foi mais longe.
“Miguel Albuquerque é presidente do Congresso Nacional do partido e tem, ele [Luís Montenegro], desde logo, uma grande relação pessoal e de amizade com o PSD Madeira, como todos os seus dirigentes e com o Miguel Albuquerque”, completou.
À semelhança do que já acontecera antes, Hugo Soares não discursou na festa laranja madeirense, tendo o protagonismo ficado para as figuras da região, principalmente para o herdeiro da pasta da Alberto João Jardim, que implementou a festa em 1979.
O dia até tinha começado bem, com um momento especial entre Albuquerque, Soares e outras figuras cimeiras do PSD. “Vai acima, vai abaixo, vai ao centro e bota abaixo”, disse Miguel Albuquerque, com um copo de poncha na mão, à semelhança dos outros sociais-democratas. E brindaram.
Foi, até, com esse espírito que Hugo Soares mostrou confiança no aval que os partidos da oposição, a nível nacional, vão dar ao Orçamento do Estado para 2025, que começará a ser discutido em outubro, dando a Madeira como exemplo, que aprovou o Orçamento Regional com a abstenção do Chega.
“Estou absolutamente empenhado e convencido de que, com a responsabilidade dos partidos da oposição, também o continente, como na Madeira, vai ter um bom Orçamento, sobretudo com um objetivo: mudar e melhorar a vida das pessoas”, rematou, acrescentando: “Vamos ver quem é que vai viabilizar o Orçamento no continente.”
Contudo, no início da tarde, os recados de Albuquerque ao continente multiplicaram-se, antes da festa terminar.
“A Madeira não é terreno mole, mas é terreno justo, onde o PSD em todas as eleições ganha com largas maiorias”, frisou o líder do Governo Regional, complementando o aviso a Montenegro.
“Eu faço votos é de que o PSD nacional olhe para a nossa região como uma região que é símbolo da liberdade, do progresso e dos efeitos democráticos da social-democracia”, continuou.
Sobre a cimeira entre os dois Governos - o nacional e o da região -, que vai acontecer depois do verão, Miguel Albuquerque deixou o desejo de que leve aos “desígnios justos e equitativos do povo da Madeira e do Porto Santo”.
“Nós queremos melhorar o nosso desenvolvimento e para isso é fundamental que a Lei das Finanças Regionais e que a autonomia regional sejam alargadas”, lembrou, acrescentando: “Precisamos destes instrumentos para melhorar o crescimento económico, para melhorar o emprego dos nossos jovens, para fixar investimento.”