Gouveia e Melo criticou posição de Catarina Martins na Defesa. "A resposta é cínica. Antes, a senhora deputada dizia que não nos tínhamos de defender. Sem os EUA teríamos um problema de Defesa. É incoerente", explica."Em Portugal, houve um escândalo na compra de submarinos, é preciso perceber que na Defesa houve mais interesses económicos do que a defesa da paz", defende em resposta a fechar o debate..Catarina Martins ataca a posição dos Estados Unidos da América. "A aliança com os EUA não garante a proteção à Europa. Vê-se isso no que agora Trump diz. Trump fica com matérias raras, Putin tudo o que quer", disse, criticando as linhas díspares do opositor: "Ouvi Gouveia e Melo dizer que estava contra os 5% de Defesa e que isso favorece as indústrias bélicas e estou de acordo. Nunca defendi o desarmamento unilateral e não me esqueço que Jorge Sampaio travou a ida de jovens para a Guerra do Iraque.".Gouveia e Melo fala sobre Defesa. "Pertencemos à NATO. Temos de respeitar regras. Pode ser um empenhamento mais a Leste. Não tentem confundir as ideias. Não há um recuo", garante. .Gouveia e Melo volta a distanciar-se da esquerda. "Estas respostas ao crescimento para a economia não vêm de ideologia. Não resultaram em Portugal. Por isso temos 20% da população no limiar da pobreza", disse. "Não defendo sistemas autoritários. Não sou eu", reage Catarina Martins."Falo de derivações de Marxismo", riposta Gouveia e Melo."Nós já libertámos correios, aviação, energia aos privados. Não percebo onde está Gouveia e Melo. É libertar a economia de quê?", questiona Catarina Martins."É libertar a economia tirando-lhe taxas, impostos. É preciso reforma da Justiça", defende Gouveia e Melo..Gouveia e Melo defenderá a Constituição se for necessário e deixa avisos. "Sou a favor da estabilidade governativa. Não usaria um mecanismo desses, de dissolução do Parlamento, apenas por mim. Só se fosse muito grave. Até tenho dificuldade em ver isso acontecer. Só em casos de um governo extremista se tentasse alterar na prática a Constituição", afirma.Catarina Martins diz que o mesmo uso só em "situação limite", mas lamenta falta de acordos governativos com várias forças. "Sou crítica da forma como Marcelo leu e viu quem eram as forças mais votadas. Foi um jogo taticista e promove-se a chantagem de ir a eleições. No fundo, é preciso um uso mais contido do poder, só em última instância. Sampaio convocou eleições quando Guterres não sentia condições. Fê-lo bem", declarou..Catarina Martins lamenta que Gouveia e Melo tenha "várias opiniões sobre vários assuntos". "Já defendeu o Estado mais pequeno. Já defendeu mais flexibilidade na lei laboral", afirma."Defender o Estado mais eficaz não é defender o que a Iniciativa Liberal defende, de o reduzir muito", responde Gouveia e Melo. Precisa depois na habitação. "Não partilho a solução do Bloco de Esquerda e de Catarina Martins na habitação. Os particulares não têm de resolver o problema. Não podemos atentar à propriedade privada. É o Estado que o têm de fazer. Sou contra a fuga fiscal, mas o nosso Estado asfixia as pessoas com impostos", conclui..Catarina Martins concorda que "há riscos reais à democracia", acreditando que "a Justiça tem de estar à altura" e que existe a "degradação do debate político, com ódio, extremismo, indecência." Mas afirma que é na economia que a população perde crédito no sistema político. "Na habitação, temos as casas mais inflacionadas da Europa. Todos temos de ter direito a casa. O descrédito na democracia é quando não há resposta. Jorge Sampaio é um grande caso na coesão. Mário Soares foi também nas comunidades. Não podemos continuar a achar que dependemos do turismo. Quem é que paga o sistema social? Temos um sistema muito injusto. Grandes empresas fogem com 2,9 mil milhões de euros. Por isso digo que não iria almoçar com magnatas. Escolho o meu lado", afirma..Gouveia e Melo reconhece que há riscos à democracia e critica a visão de André Ventura. "Existem um conjunto de propostas que não são benéficas. Há um candidato que quer mudar o nosso sistema, outro regime que não sei qual será, é, claro, um perigo para a democracia", atira o militar, avaliando depois as escutas a António Costa, que o DN noticiou. "Deixámos construir um sistema de vigilância que não está perfeitamente controlado. Na separação de poderes não podemos permitir condicionamento por parte do sistema judicial ao sistema político. Não me deixaram sossegados os esclarecimentos", considerou..Gouveia e Melo coloca-se ao lado do Serviço Nacional de Saúde e aponta críticas à administração pública e governativa. "Um Presidente da República não é governo, pode ajudar a mobilizar para soluções. Na Saúde não faltam recursos, mas falta organização interna. Podíamos meter os recursos todos e não teríamos sucesso. Como marinheiro, digo que temos que definir um rumo e não está claro nesta governação. Defendo esse papel, em que o Estado é essencial. Defendo mais esse, pode ser híbrido, mas o Estado tem de garantir o Serviço Nacional de Saúde de qualidade. Temos de mudar este país, com menos improviso. Temos de atuar de forma correta como funcionário público", considerou o almirante, advogando a necessidade de mais unidades de saúde, disperso pelo território, para evitar afluência nos hospitais.Catarina Martins vincou que é "preciso mexer com as carreiras para que os médicos fiquem no SNS", pediu "autonomia e menos nomeações políticas". Acrescentou que " país mudou" e ser preciso "acompanhar a comunidade, doentes crónicos e população envelhecida". "Os enfermeiros têm de estar na comunidade. Temos de nos reinventar. Não podemos continuar a dar dinheiro aos privados", vincou a eurodeputada..Depois da primeira farpa na intervenção inicial, Catarina Martins respondeu duramente a Gouveia e Melo, lembrando o encontro com André Ventura antes do líder do Chega se candidatar à presidência: "Ninguém me diminuí por ser eleita nem pelas escolhas que faço. É verdade que não vou passar a falar da extrema direita e o impacto que tem neste governo. Estou aqui para falar sobre a verdade, cumprirei escrupulosamente a Constituição. Gouveia e Melo decidiu ir almoçar com Ventura. Isto sim é falta de independência. Defendeu os magnatas quando decidiu ir almoçar com eles. Não devia almoçar com estas pessoas.".Catarina Martins critica veementemente o pacote apresentado pelo governo para a lei laboral. "Governo propõe trabalhar menos por horas extraordinárias, propõe que os mais jovens sem contrato apropriado e permanente ande de contratos em contrato. Os jovens nunca vão ter estabilidade no trabalho. O Governo na contraproposta apresenta possibilidade de quem já tem contrato estabilizado poder baixar de posição porque o patrão quer. Sempre que temos um código do trabalho que premeia baixos salários vamos ter menos qualificação. Os jovens têm de querer aqui ficar e sentir que aqui têm uma vida que faz sentido", advoga a ex-líder do Bloco de Esquerda. .Gouveia e Melo pede prudência na alteração à lei laboral. "Precisamos de uma economia de coesão social, podemos flexibilizar. Este código de trabalho foi mudado há dois anos. Não quero interferir nas negociações, mas é preciso dizer que os tempos de contrato não devem mudar. Isso vai precarizar", afirmou o almirante..Gouveia e Melo principiou o debate, assinalando o "oceano de diferenças". Diz que Catarina Martins olha para a Constituição de "forma assimétrica", considerando-a "marxista". Afirma-se "suprapratidário e pelo mercado, propriedade privada.".A partir das 21h00, Catarina Martins dá início ao seu ciclo de debates presidenciais. Gouveia e Melo estreou-se na semana transata com Cotrim de Figueiredo.