O ministro da Defesa, Nuno Melo, explicou ao DN como Portugal vai atingir o compromisso assumido com a NATO de investir 2% do PIB em Defesa até ao final de 2025. A meta representa perto seis mil milhões de euros - mais cerca de mil milhões do que em 2024 - e, segundo o governante, vai traduzir-se em ganhos concretos de capacidade para os três ramos das Forças Armadas, além de retorno económico e tecnológico para o país.Invocando motivos de “reserva” sobre a matéria em causa, detalhou, na medida do possível, os investimentos já programados para cada Ramo. “São investimentos pensados de forma proporcional para os três Ramos, em linha com os objetivos da NATO, sempre que possível, duplo uso, com grande vantagem também para as missões civis, além daquela que é a opção prioritária da componente militar. Esse cronograma foi definido com a intervenção dos três Ramos, tendo em conta as previsões da Lei de programação Militar e os objetivos da NATO. São as necessidades de curto, médio e longo prazo e as possibilidades aquisitiva neste tempo curto até final de 2025”, sublinhou.Para o Exército, destacou “os processos de modernização das Pandur, num investimento que é muito grande e necessário, cuja contratação será lançada já este ano”, bem como “sistemas de apoio rádio, por exemplo”. Para a Força Aérea, incluem-se “investimentos em armamento aéreo, no reforço da prontidão e resiliência dos sistemas de armas F-16 e P-3, que têm estado tão fortemente empenhados até hoje no flanco leste”. Confirmou também a decisão de adquirir uma sexta aeronave de transporte estratégico KC-390, acrescentando: “O contrato para a aquisição da sexta aeronave e da reserva de outras dez será assinado por mim no dia 17, no Porto, onde o presidente da administração da Embraer se desloca a Portugal para esse efeito.” Acrescentou ainda os aviões Super Tucano, “dos quais três foram já entregues e este ano mais serão, com cerimónia de entrega em breve”.Para a Marinha, apontou “veículos não tripulados de patrulhamento e fiscalização oceânica de superfície e equipamentos para capacitação dos meios navais que estão em aquisição, como os navios de patrulha oceânico”.Questionado sobre a entrada de 19 drones russos em espaço aéreo polaco, que levou Varsóvia a acionar o Artigo 4.º da NATO, Nuno Melo sublinhou a necessidade de prudência. “No que toca à ação russa, esta invasão do espaço aéreo da União Europeia é imprudente e é perigosa. Mas dito isto, quero acreditar que o que sucedeu possa ter alguma justificação assente em erro. E a avaliação deve ser racional e deve ser feita com discernimento, porque tudo o que não se precisa são escaladas”, afirmou. Destacou, ainda assim, a determinação expressa pelo secretário-geral da NATO: “Estamos preparados para defender cada centímetro do nosso território.”O ministro assegurou que o incidente não altera o calendário definido que prevê que se atinja os 3,5% do PIB para a Defesa, em 2030: “O nosso compromisso é o que está assumido, com metas que estão definidas de investimentos de 2% até final de 2025, com uma reavaliação que há de acontecer mais tarde, lá para 2029. E não é por causa desta circunstância de hoje, que quero acreditar que seja exceção e que não se repita, que deveremos tratar de reavaliações.”Nuno Melo insistiu que não se trata apenas de despesa: “Portugal ganha em capacidade de cumprimento de missões dentro e fora. Dá-nos credibilidade junto dos nossos aliados e dá também, por esta via, um grande retorno económico e financeiro, nunca pondo em causa o Estado social, porque essa garantia é igualmente prévia.”O governante salientou a importância do envolvimento da indústria nacional. “A modernização das Pandur será feita quase na totalidade pelas indústrias portuguesas. Um navio patrulha oceânico da terceira série está a ser construído nos Estaleiros de Viana, é 100% investimento nacional. Estamos a falar de estaleiros que há poucos anos eram notícia pela perturbação social e pela incapacidade produtiva que hoje já não têm mais possibilidade em carteira de aceitar encomendas para muitos anos.”Também no projeto dos Super Tucano há retorno assegurado: “de 200 milhões de euros de investimento, 70 milhões de euros serão nas indústrias portuguesas. Cada venda nos países da NATO implicará um retorno para o Estado português, como está a implicar neste momento.”Por fim, referiu o investimento no espaço, com a constelação de satélites a desenvolver em Portugal: “Muito em breve já teremos os satélites a serem construídos em Portugal com o investimento de indústrias portuguesas. Coloca o nosso país na vanguarda tecnológica da União Europeia. Tanto que este projeto é destacado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como um dos exemplos virtuosos de investimentos na área da defesa na União Europeia.”O ministro concluiu caracterizando o esforço orçamental: “Estamos a falar do mínimo de investimento, porque uma grande parte dos aliados da NATO já investem muitíssimo mais do que isso em defesa. Ainda assim, permitirá um grande salto para Portugal até 2026.”