O Partido Comunista Português rejeitou qualquer possibilidade de entendimento com outros partidos representados no parlamento para as Autárquicas 2025. As listas a cada câmara municipal não estão fechadas, faltam cerca de três semanas para a entrega oficial dos documentos, mas fontes do PCP garantem ao DN que o partido não se aliará a Partido Socialista, Livre, Bloco de Esquerda ou PAN em qualquer distrito, concelho ou freguesia nacional. Os comunistas irão, como tem sido hábito, integrar a Coligação Democrática Unitária, acompanhados pelo partido ecologista Os Verdes, e procurarão representação em todos os distritos, também por terem muitos independentes. Nesta coligação também está a Associação Intervenção Democrática, por exemplo na corrida a Lisboa, mas esta não tem membros suficientes para ser solução de gestão em todo o território.A posição começou a ser delineada no Comité Central do partido e ganhou força com as reuniões nos centros de trabalhos comunistas, procedendo-se, então, à repetição da estratégia de 2021. Nessa altura, o PCP não estabeleceu qualquer acordo formal, pré-eleitoral, com partidos representados no parlamento.Desde janeiro que o PS encetou contactos para que o PCP pudesse ser um aliado estratégico de combate às coligações de direita. Em Lisboa, o caso mais evidente. O Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN estabeleceram propostas até à véspera do anúncio da coligação Viver Lisboa, encabeçada pela socialista Alexandra Leitão, mas o PCP deu um redondo ‘não’, confiando que João Ferreira manterá o posto de vereador. Desde 1989 e durante 12 anos, a junção entre PCP e PS visou garantir o controlo da capital à esquerda, mas, desde aí, as posições foram-se extremando. “Ao longo dos últimos quatro anos, o PSD e o CDS e Carlos Moedas contaram sempre com o apoio do Partido Socialista”, comentou em entrevista ao DN, João Ferreira, atacando os socialistas por “viabilizarem os quatro orçamentos” do município. Na entrevista de dia 24 de julho o ex-deputado europeu disse que o PCP não compreende a associação de outros partidos de esquerda ao PS. “Antes de perguntarmos com quem, temos de perguntar para quê? E se calhar alguns não se deram ao trabalho de fazer esta pergunta”, vincou em alusão a Livre, Bloco e PAN.Representatividade de Bloco e Livre e as alianças do PANO PCP acumulou 148 mandatos nas últimas autárquicas, com mais de 8% dos votos e o terceiro lugar nas coligações a votos. Com 19 vitórias de câmara, os comunistas consideraram que a representatividade do Livre, que não se candidatou a solo em 2021, e Bloco de Esquerda, o qual acumulou quatro mandatos quando concorreu em solitário, não representaria uma boa estratégia eleitoral. Loures foi a mais recente tentativa de Livre e Bloco, dissociando-se de Ricardo Leão, autarca do PS, mas o PCP firmou novamente o não à coligação. Talvez como fez em todos os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. A introdução do PAN em certos acordos à esquerda levou até a alguma contestação por parte do PCP. Em conversas com representantes socialistas, os comunistas insurgiram-se com a opção de Inês Sousa Real de tanto fazer coligações com Bloco, Livre e PS, como de se associar ao PSD e IL em Sintra, em torno de Marco Almeida, ou em Faro, apoiando Cristóvão Norte.Revolta com PS por Évora e SetúbalNa relação da CDU com o PS as posições estão crispadas pelas lutas em Évora e Setúbal e a possibilidade de entendimento esfumou-se pelas batalhas que se têm visto na margem Sul do Tejo e no Alentejo. No concelho alentejano, que é capital de distrito, o PCP ganhou, mas teve tantos vereadores (dois) como o PS, que, em várias matérias optou por se aliar ao PSD (um) para bloquear medidas. Daí o nome forte de João Oliveira para candidatar-se agora contra Carlos Zorrinho. No distrito, o PCP teve três vitórias eleitorais, o PS seis. Na Câmara de Setúbal, os cinco mandatos do PCP não garantiam maioria. Os quatro do PS, aliados aos dois do PSD, votaram contra o orçamento da cidade liderada por André Martins, provocando uma gestão em duodécimos. “Aqui à volta, na área metropolitana de Lisboa, o Partido Socialista faz uma oposição, por vezes, diametralmente oposta à que escolheu ter em Lisboa”, relatou João Ferreira em entrevista. No distrito, o PS teve mais votos, mas menos presidentes (seis contra sete do PCP). .Autárquicas. João Ferreira explica porque rejeitou a coligação com PS, Livre, Bloco e PAN.João Ferreira: "Não trocamos princípios por lugares" .Livre e BE abertos a convergências à esquerda nas autárquicas incluindo em Lisboa