PCP acusa José Rodrigues dos Santos de “exercício de ódio” e "manipulação"
O PCP vai “formalizar” queixas contra uma entrevista da RTP conduzida por José Rodrigues dos Santos que “não foi uma entrevista, foi um exercício de ódio” junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Comissão da Carteira profissional de Jornalista (CCPJ).
A direção do partido considera que foi alvo de “provocação” por parte do jornalista José Rodrigues dos Santos durante a entrevista da estação pública ao secretário-geral, Paulo Raimundo, sobre as Eleições Legislativas.
Porém, o tema principal ao longo dos dez minutos da entrevista foi sobre a posição do PCP em relação à invasão da Rússia à Ucrânia.
“Não estão em causa opções editoriais. O que é absolutamente inaceitável são os termos com que a entrevista foi conduzida: basta notar que não foi feita uma única pergunta sobre a situação política e social do País, de quem cá vive e trabalha”, sustenta o PCP.
Ou seja, dizem: “Um desonesto exercício de manipulação”.
Dada a “provocação”, adianta o PCP ao DN, “foi transmitido o nosso protesto à direção de informação da RTP”. E a seguir “de momento, vamos formalizar queixas” junto da ERC, CNE e CCPJ. A RTP respondeu ao protesto? Sobre esta questão, o PCP entende “não acrescentar mais”.
A direção de informação da RTP ainda não esclareceu se deu alguma resposta às queixas do PCP sobre José Rodrigues dos Santos.
Nas redes sociais - X, Facebook, Instagram e Tik Tok - os comunistas anunciaram, pouco tempo depois da entrevista, que “perante a provocação que aconteceu hoje [na segunda-feira] na RTP, o PCP acionará todos os meios legais”.
A mensagem é acompanhada de um vídeo, de quase dois minutos, com imagens editadas da entrevista e planos apertados do rosto de José Rodrigues dos Santos, que termina com esta frase: “Não foi não foi uma entrevista, foi um exercício de ódio”.
Este caso não é o primeiro a envolver José Rodrigues dos Santos. No ano passado a cinco dias das Eleições Europeias, a entrevista a Marta Temido, cabeça de lista do PS, levou a ERC a considerar que “pela forma como foi conduzida, afastou-se do registo de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística” e que se tinha verficado “que não foi conferido espaço à entrevistada para expor os seus pontos de vista”.
“A análise também permitiu verificar que o jornalista, amiúde, interrompeu a entrevistada, impedindo-a de concluir a sua argumentação, tentado sobrepor as suas intervenções às da entrevistada, subvertendo os princípios e objetivos da entrevista jornalística (…) constatou o conselho regulador numa deliberação de 7 de agosto de 2024. A entrevista foi a 5 de junho.
"Meia centena de participações" à ERC
Também a ERC recebeu até esta tarde "meia centena de participações" contra a RTP relativamente à entrevista, disse à Lusa fonte oficial.
As participações "serão apreciadas pelos serviços da entidade, nos termos previstos nos seus Estatutos", adiantou a mesma fonte, referindo que "quando houver uma decisão a respeito das mesmas, a ERC procederá, como habitualmente, à divulgação pública no seu sítio eletrónico".