Livre, BE e PAN reivindicam-se “do lado certo da história” com coligação "de resistência" em Cascais
Os líderes do Livre, BE e PAN consideraram este domingo, 20 de julho, estar “do lado certo da história” com a coligação autárquica em Cascais, que dizem assumir um lado de resistência contra “os ventos contrários” no país e no mundo.
O economista Alexandre Abreu e até agora deputado municipal pelo BE oficializou a candidatura à Câmara Municipal de Cascais, apoiado pela coligação formada pelo BE, Livre e PAN, com o slogan “Futuro em Comum”, que tem como candidata à Assembleia Municipal Safaa Dib, do Livre, e como mandatário João Paulo Batalha.
Na apresentação da candidatura, que decorreu no Parque Urbano da Quinta de Rana, os três líderes elogiaram os candidatos e o mandatário, conhecido pelas suas posições contra a corrupção, mas deixaram também uma leitura nacional deste entendimento “entre pessoas que se veem todos os dias do lado certo de um parlamento que consegue dialogar”.
O deputado e porta-voz do Livre Rui Tavares defendeu que a coligação assenta numa visão comum de ideia de futuro e de liberdade, que considera ter sido distorcida nos últimos tempos, e colocou em confronto duas visões de sociedade.
“Queremos um país desconfiado, queremos um país em que o pobre está zangado com o desgraçado que está zangado com o miserável que está zangado com o vizinho do outro lado da rua, todos eles zangados com o imigrante? Ou queremos um país que é Portugal no seu melhor, que é também, Cascais no seu melhor, um país da entreajuda, um país da responsabilidade mútua em que todos somos responsáveis pelo nosso futuro, um país da bondade?”, perguntou.
Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, foi mais direta nas críticas ao atual Governo PSD/CDS-PP, que acusou de substituir as suas ideias sobre serviços públicos pelo combate à imigração.
“A direita fala dos temas da extrema-direita porque quer poder, porque se quer manter no poder. É uma política meramente oportunista”, acusou, considerando que o Chega nem sequer precisa de ter ministros para chegar ao poder porque os do PSD têm sido “intérpretes da política da extrema-direita”.
Pelo contrário, defendeu, os três partidos que hoje assumem a coligação autárquica em Cascais querem “resistir aos ventos que sopram cada vez mais fortes e mudar o sentido do vento, mudar o sentido do curso do rio, lutar contra esta vaga da história”.
“Para isso precisamos de duas coisas: a primeira é juntar forças, juntar partidos, juntar movimentos sociais, juntar independentes, juntar sociedade civil, juntar quem se quer juntar por este programa. E em segundo lugar precisamos de um programa, de uma visão, de um projeto”, afirmou, considerando que esta união em Cascais pode ser um ponto de partida.
A líder do PAN, Inês Sousa Real, salientou igualmente que os três partidos “estão do lado certo da história” e disse que estarão juntos “noutros pontos do país”.
“Não só Cascais, mas Portugal enfrenta neste momento um desafio muito grande, democrático, das boas políticas, de construirmos local para pensarmos global e de garantirmos que assim podemos dar um futuro não apenas às presentes e às futuras gerações”, disse.
O candidato Alexandre Abreu invocou o seu trabalho já feito na autarquia e enalteceu esta coligação para combater “as forças do ódio e do divisionismo”.
No final, foi questionado pelos jornalistas por que razão não foi possível incluir o PS nesta coligação, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, na Câmara Municipal de Lisboa.
“A possibilidade de coligações depende sempre da realidade política local e as propostas do PS aqui em Cascais e a visão do PS para o concelho afastam-se muito daquilo que é o centro comum da visão desta coligação. Desde o primeiro momento, tanto da parte deles como da nossa parte, não houve uma disponibilidade para procurar colmatar essas diferenças porque simplesmente são demasiado grandes”, afirmou.
Além de Alexandre Abreu, já foram anunciadas no concelho as candidaturas de Nuno Piteira Lopes (PSD/CDS-PP), João Ruivo (PS), João Rodrigues dos Santos (Chega), Carlos Rabaçal (CDU), Manuel Simões de Almeida (IL), João Maria Jonet (independente) e António Pinto Pereira (independente, com apoio da Nova Direita e Nós, Cidadãos!).
As eleições autárquicas vão decorrer em 12 de outubro.