Henrique Gouveia e Melo e André Ventura enfrantaram-se esta noite, 15 de dezembro, na RTP.
Henrique Gouveia e Melo e André Ventura enfrantaram-se esta noite, 15 de dezembro, na RTP.Foto: Direitos reservados

Gouveia e Melo e Ventura argumentaram que são o candidato "sem partido" e o que tem todos contra si

Três meses depois de terem almoçado - com o almirante, na altura a ser o mais provável candidato a Belém apoiado pelo líder do Chega - debateram como os dois mais prováveis a chegar à segunda volta.
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André Ventura arrancou o debate com um agradecimento por os potenciais eleitores o colocarem, de acordo com as sondagens, como um dos mais prováveis candidatos a Belém a passar para uma segunda volta - ainda que, nesse cenário, seja derrotado por qualquer um dos seus adversários - apesar de ter o discurso que quer ter durante estas eleições.

Tendo em conta esta probabilidade, o líder do Chega lembrou: "Eu vou estar [esta terça-feira, 16 de dezembro] em tribunal, mais uma vez, por causa dos ciganos, por causa das minorias, que não me querem deixar ter o discurso que eu quero ter nas presidenciais."

O líder do Chega, confrontado com o chumbo que o Tribunal Constitucional deu à lei da nacionalidade esta segunda-feira, 15 de dezembro, garantiu que está na corrida a Belém, "que são duas eleições", afirmou, referindo-se à primeira e à segunda volta, "para mostrar às pessoas que é preciso mudar o sistema político, que é preciso dar um murro na mesa por tudo o que está a acontecer. E hoje tivemos mais uma prova disto com a lei da nacionalidade", garantiu.

Nesta fase, André Ventura argumentou que o Presidente da República, apesar de não governar o páis, "é o mais legítimo" para mudar o sistema político, "porque é quem é eleito, diretamente, pelas pessoas".

"Mas pode influenciar, pode conduzir o país, que é isso que eu quero ser, um condutor do país e liderar o país. Temos de ir por outro caminho e não pelo caminho destes, enfim, destes erros, destes conluios, desta corrupção que temos tido há 50 anos", justificou.

Questionado sobre se, com este discurso, apenas move o eleitorado do Chega, André Ventura garantiu que o seu "discurso é Portugal".

"O meu discurso é dar um murro na mesa do sistema. Eu não vou mudar isso a partir do dia 18 de janeiro. Aliás, se as pessoas me estão a colocar em primeiro lugar, é porque querem esse murro na mesa", disse.

Sobre um cenário numa eventual segunda volta em que perde perante qualquer um dos seus adversários mais prováveis, André Ventura disse apenas que estão todos contra si e que isso revela que está "no caminho certo".

Confrontado com as sondagens, que o têm colocado em queda, Henrique Gouveia e Melo desvalorizou-as, optando por destacar a única sondagem que conta: a de dia 18 de janeiro.

"Eu estou numa luta partidária, em que todos os partidos têm os seus candidatos", considerou o almirante, antes de reiterar que a sua preocupação é o futuro de Portugal.

"Se os portugueses me escolherem, é isso que eu tentarei fazer. Que é unir verdadeiramente", garantiu, alertando que esta é uma missão importante, tendo em conta os "tempos verdadeiramente difíceis" que se avizinham.

Para explicar a sua afirmação, Gouveia e Melo referiu "uma situação internacional muito preocupante, verdadeiramente preocupante, com impacto, quer a gente queira, quer não, no sistema nacional. Nós vamos ter também, fruto até da própria distribuição de lugares na Assembleia da República, um sistema político que tem o fruto da instabilidade dentro do próprio sistema", argumentou.

Com o objetivo de desmontar a tese do almirante sobre a posição que diz ter face aos partidos, André Ventura obsevrou que Henrique Gouveia e Melo, durante esta campanha, "primeiro, juntou quase toda a estrutura do Partido Socialista, tanto que até discutem, entre o candidato e o secretário-geral do Partido Socialista, quem é que é o candidato do Partido Socialista. De tal forma que o líder do Partido Socialista tem de dizer que não é Gouveia e Melo, é António José Seguro. Veja-se ao ponto que se chegou", rematou.

Para sustentar a argumentação, o líder do Chega lembrou que Gouveia e Melo "pode tentar agora esconder isso, mas disse mesmo que Mário Soares era a sua referência de Presidente da República". 

"A minha é o general Ramalho Eanes", lançou.

"Acho que para o candidato Gouveia e Melo dizer que o Mário Soares é uma referência de Presidente é uma traição às Forças Armadas, aos retornados, às pessoas que deixaram as ex-colonias entregues, como nós sabemos", acusou.

Gouveia e Melo acabou por justificar que ambos os antigos presidentes "são referências do início da nossa democracia" e que "sem eles nós não teríamos esta democracia". 

"E sem eles, se calhar, teríamos um regime comunista, de extrema-esquerda, e se calhar o doutor André Ventura não poderia estar aqui", rematou o almirante, antes de lembrar que ele próprio foi retornado, além de ter integrado as Forças Armadas.

Leia a seguir o "filme" do debate:

Gouveia e Melo só não está disponível para mudar o artigo 288 da Constituição: o regime democrático

A última palavra do debate foi para Gouveia e Melo, que disse querer "acabar com esperança", enquanto considerava que "a Presidência é aquele lugar que ajuda a unir Portugal".

Depois de André Ventura reiterar que quer alterar a Constituição da República Portuguesa, para "garantir que temos um Portugal eficaz na luta contra a corrupção", "um Portugal moderno", o líder do Chega deixou uma pergunta reótica no ar: "a Constituição é alguma bíblia que não podemos mudar?"

Gouveia e Melo, no contra-ataque, afirmou que "Portugal não pode viver de ódios internos", mas garantiu que estaria disposto a mudar a Constituição, se essa vontade fosse consensual no Parlamento, mesmo que tivesse uma maioria de direita.

Depois de explicar esta sua disposição, que vincou que não seria uma vontade, Gouveia e Melo exlicou que apenas não permitiria que fosse alterado o artigo 288.º, relativo ao "sistema democrático".

Gouveia e Melo  e Ventura chocam na atribuição da nacionalidade: "Não pode haver portugueses de segunda", diz o almirante

"Não é André Ventura que é derrotado, é o país que é derrotado", diz Ventura sobre a lei da nacionalidade, perguntando, de forma retórica, se "não podemos tirar a nacionalidade a quem comete crimes". 

"Disparate", afirma, enquanto insite na pergunta: "Alguém que obtém a nacionalidade de forma fraudulenta, não podemos tirar a nacionalidade?"

"Temos de terminar com a conversa de chacha em Portugal", disse o líder do Chega, concordando "que houve uma politização do Tribunal Constitucional" no que diz respeito à lei da nacionalidade.

Gouveia e Melo diz que "todos os portugueses são iguais perante a lei", motivo pelo qual defende que, "quando atribuímos a nacionalidade a um estrangeiro, tem de ser igual".

"Dez anos depois, a pessoa está em condições de obter a nacionalidade.

Se andou a cometer crimes, de certeza que não pode", justificou Gouveia e Melo, destacando que "a Constituição representa a organização do Estado".

"Gouveia e Melo quer agradar a toda a gente, mas não agrada a ninguém", acusa Ventura

Depois de acusar Gouveia e Melo de ver Mário Soares e Ramalho Eanes como exemplos de presidentes da República, André Ventura afirmou que o almirante "não pode estar em todo o lado", lembrando até que "Sócrates apoia Gouveia e Melo só para" o líder do Chega "não chegar ao poder".

"Eu acho que Gouveia e Melo quer agradar a toda a gente, mas não agrada a ninguém", afirmou André Ventura.

"Se não fosse Mario Soares, se calhar estávamos numa ditadura comunista e o André Ventura não poderia estar aqui", considerou o almirante, antes de assumir que o seu objetivo é "vencer a batalha do desenvolvimento".

"Quero unir Portugal", diz Gouveia e Melo, enquanto observa que é o único candidato sem partido

Depois de rejeitar que quanto mais os portugueses o conhecem menos confiam nele, tendo em conta as sondagens, o almirante Henrique Gouveia e Melo disse que só valoriza "uma única sondagem, que é aquela que resultar das eleições".

Com a indicação de que está "numa luta partidária", vincando que é o único "que não tem partido", Gouveia e Melo disse ter uma única preocupação: "O futuro de Portugal."

André Ventura e Gouveia e Melo começam o debate, com o primeiro a ser o mais provável a perder contra qualqueradversário

André Ventura começa o debate com um agradecimento aos prováveis eleitores, por, esta terça-feira, estar novamente em tribunal por "causa dos ciganos", como referiu, o que não o impede de estar entre os favoritos, de acordo com as sondagens.

"Dar um murro na mesa", defende o líder do Chega, como uma das missões que atribui ao Presidente da República.

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