"Uma vergonha que não se entende". Partido de Cristas espera candidatos até janeiro
"Há aqui uma vergonha, um encolhimento que não se entende". Quem o diz é Abel Matos Santos, dirigente da Tendência Esperança em Movimento (TEM) do CDS-PP, desafiando os dirigentes "em reflexão" a assumirem abertamente a candidatura à liderança do partido, bem como a direção nacional a "despachar" a refiliação de Manuel Monteiro. O único candidato assumido à sucessão de Assunção Cristas (que renuncia ao mandato e ficará no Parlamento apenas até janeiro) falava especificamente de João Almeida e Filipe Lobo d'Ávila. O desafio foi lançado durante a reunião do conselho nacional dos centristas, esta quinta-feira à noite, na sede do partido, em Lisboa.
"Eles teoricamente são candidatos porque apresentam moções de estratégia global", sublinhou. Matos Santos argumentou ainda que "uma pessoa que tem um contributo a dar ao partido, que quer apresentar uma moção, não tem de ter medo de se afirmar como candidato a líder". "É fundamental que o partido reúna os seus militantes, reúna as suas bases e que faça esse exercício de discussão interna e isso só se faz assente em candidaturas", insistiu.
Sobre o regresso do ex-líder Manuel Monteiro, que deixou o CDS e tem a refiliação por concluir, Abel Matos Santos defendeu que "seria um sinal muito importante, muito positivo de reconciliação" se a presidente "rapidamente despachasse" o processo que "parece que está na gaveta". O que "só pode ser entendido como um ato censório e que não cabe num partido que se diz pluralista e democrático", considerou.
Na primeira parte do conselho nacional, depois da intervenção da líder, intervieram João Almeida, Francisco Rodrigues dos Santos e Filipe Lobo d'Ávila.
Cerca da meia-noite, eram mais de 50 os conselheiros inscritos para intervir. O 28.º congresso nacional do CDS-PP, para decidir a sucessão de Assunção Cristas, vai realizar-se, em 25 e 26 de janeiro de 2020, por decisão do conselho nacional.
Na reunião, Assunção Cristas anunciou que vai renunciar ao cargo de deputada, mas vai ficar no parlamento até ao congresso, em finais de janeiro, mantendo-se, porém, como vereadora na Câmara de Lisboa, para que foi eleita nas autárquicas de 2017.
O conselho nacional do CDS-PP para marcar o congresso da sucessão de Assunção Cristas demorou seis horas e meia e terminou esta sexta-feira de madrugada, sem que nenhum dos dirigentes "em reflexão" tenha anunciado uma candidatura à liderança.
Nem João Almeida, deputado e porta-voz do partido, nem Filipe Lobo d'Ávila, do grupo "Juntos pelo Futuro", nem o líder da JP, Francisco Rodrigues dos Santos, que está "disponível para aquilo que os militantes" entenderem que pode "ser mais útil", disseram claramente estar na corrida à sucessão de Cristas. A atual líder do CDS anunciou o seu afastamento depois dos maus resultados do partido das legislativas, em 6 de outubro, disseram à Lusa vários conselheiros nacionais.
Foram mais de seis horas de reunião em que, na primeira parte, os três dirigentes e Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), fizeram intervenções em que falaram dos resultados do partido, que passou de 18 para cinco deputados, com 4,2% dos votos, e pediram reflexão sobre o futuro.
No final de um concorrido conselho nacional, mas já com a sala da sede do CDS-PP com pouco mais de 20 conselheiros, a ainda líder, Assunção Cristas, prometeu uma "presença discreta", para fazer a representação institucional do partido, e disse sair da reunião tranquila com a participação que teve e com o debate de ideias a que assistiu.
E despediu-se, já passava das 04:00, com a frase: "Vamo-nos vendo e, se não for antes, vemo-nos no congresso."
Na reunião foi aprovada a realização do 28.º congresso nacional do CDS para 25 e 26 de janeiro de 2020, em local ainda a definir.