"Livre vai ser o partido mais interessante do século XXI"
Rui Tavares tem esperança que o Livre sobreviva ao "caso Joacine". Numa entrevista, este domingo, à revista "Notícias Magazine", suplemento do Jornal de Notícias, afirma que "o Livre vai durar muito", vai mesmo ser "o partido mais interessante do século XXI".
"Isto não é o fim do Livre, pode até ser o princípio", afirma Tavares.
No seu entender, o Livre tem de continuar a ser "um partido não isento de problemas mas que os resolve à sua moda: sem arbitrariedades nem autoritarismos, sem recorrer, ao contrário de outros, a uma via disciplinadora, autoritária e hierárquica mas também sem enfiar a cabeça na areia".
O historiador e antigo eurodeputado - que integra a Assembleia do Livre, o "parlamento" da organização - confessa uma das coisas que "mais confusão" lhe fez: Joacine Katar Moreira ter feito saber que na noite eleitoral de 6 de outubro não gostou de ver os dirigentes celebrarem o facto de o partido ter conquistado o mínimo de votos para passar a ter subvenção do Estado.
"Havia indicações da direção para que a subvenção não fosse festejada e essas indicações foram cumpridas", diz. "Tivesse havido comemoração e não teria havido mal algum. Mas não houve."
Em todo o processo - referiu ainda - "a situação mais difícil" foi quando a deputada se fez escoltar pela GNR para fazer a pé um determinado percurso dentro do Parlamento, para evitar perguntas dos jornalistas. "Não esperávamos, no Livre, que tal pudesse acontecer. E apesar de crer que não foi intencional lamentamos que não tenha havido um pedido de desculpas imediato."
Depois deixa um aviso à deputada: "Em relação à imprensa tem de haver cordialidade, respeito, acessibilidade, prestação de contas". E esses valores - "urbanidade, cordialidade, lealdade" - "já estavam no Código de Ética aceite por todos os membros e pelos candidatos às nossas primárias". Ou seja: é uma "condição sine qua non para se exercer o mandato em nome do Livre". Portanto: "O partido não pode nem deve mandar no comportamento individual de cada um mas deve dizer, e ser muito claro, em relação ao que se pode fazer em seu nome."
Tavares explica os termos essenciais da resolução com que a Assembleia do Livre deu por encerrado o caso, começando por dizer que "como membro dirigente e representante eleita do Livre, Joacine Katar Moreira não foi eleita como independente".
Acontece que "a liberdade de exercício do mandato parlamentar está na Constituição". E no Livre "sempre houve e haverá liberdade de voto para os deputados" mas isto tem de ser "acompanhado de duas regras de bom senso: aviso antes de se efetuar um voto contrário ao património programático do partido e, em caso de dúvidas, que se pergunte primeiro e vote depois."
Assim, "o que já se deveria saber mas se reforça com este caso é que também é imprescindível ter disponibilidade para esclarecer o mais depressa possível qualquer votação com a direção".
Na entrevista, Rui Tavares rejeita ainda a ideia que "o problema" (como lhe chama) resulte do facto de os candidatos a deputados pelo Livre serem escolhido com eleições primárias abertas inclusivamente a quem não é militante do partido.
Esse método, afirma, "nunca foi apresentado no Livre como infalível" - mas o facto é que trouxe ao Livre muitos concidadãos com experiência e trajetória muito importantes".
Sobre o seu próprio futuro político, Tavares assegura - depois de recordar que foi alvo de vários convites do PS, um dos quais para as últimas eleições europeias: "Não serei candidato de nenhum outro partido a não ser do Livre. É aqui que quero estar."