Referendo à eutanásia. PSD dividido vai pôr dois deputados a falar
A reunião da bancada do PSD esta manhã foi marcada por alguma contestação ao facto de o partido se ter encaminhado pela opção da liberdade de voto quanto ao referendo à eutanásia. À saída da reunião, o líder parlamentar, Adão Silva, desdramatizou o caso, dizendo que "felizmente" a reunião não foi unânime.
Em declarações aos jornalistas no final de quase três horas de reunião, Adão Silva anunciou que o PSD colocará - tal como fez no debate das iniciativas legislativas sobre a eutanásia, em fevereiro - dois deputados a falar no debate de hoje à tarde: um a favor do referendo (Paulo Moniz, dos Açores); e outro contra, a coordenadora dos deputados do partido na Comissão de Assuntos Constitucionais, Mónica Quintela.
Durante a reunião desta manhã, foram vários os deputados a defender que a direção deveria tomar uma posição política a favor do referendo, como o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais Marques Guedes, a ex-líder da JSD Margarida Balseiro Lopes ou deputados como Emídio Guerreiro e Paulo Leitão.
Citaçãocitacao"Felizmente, a reunião não foi unânime, houve posições antagónicas, mas sempre expressas num respeito e elegância muito grande."
O antigo líder da JSD Pedro Rodrigues, que tem defendido que deveria ser o partido a propor um referendo nesta matéria, considerou que a decisão da direção de dar liberdade de voto coloca os sociais-democratas "ao lado do PS" e desrespeita uma moção temática aprovada no último Congresso.
Em sentido contrário, falaram na reunião, além de Adão Silva, o secretário-geral José Silvano ou o 'vice' da bancada Carlos Peixoto, que consideraram tratar-se de uma "matéria de consciência", mais do que política, defendendo a liberdade de voto decidida na segunda-feira pela Comissão Política Nacional.
Mónica Quintela, que hoje falará no debate contra o referendo, pronunciou-se contra a pergunta em concreto proposta pela iniciativa popular que deu origem ao projeto de referendo: "Concorda que matar outra pessoa a seu pedido ou ajudá-la a suicidar-se deve continuar a ser punível pela lei penal em quaisquer circunstâncias?".
Aos jornalistas, Adão Silva defendeu que o princípio da liberdade é "um princípio essencial do PSD" e considerou que a moção temática aprovada em Congresso "não tem a impositividade" que alguns lhe querem atribuir.
"Felizmente, a reunião não foi unânime, houve posições antagónicas, mas sempre expressas num respeito e elegância muito grande", disse, saudando a "qualidade extraordinária" de várias intervenções.