Poder
25 junho 2020 às 14h52

PAN. Dissidentes usaram partido como "trampolim"

Deputado líder do partido diz que deputada dissidente só se "antecipou" a processo de retirada de confiança. E admite "dores de crescimento" no PAN

João Pedro Henriques

O deputado e líder do partido PAN (Pessoas Animais Natureza), André Silva, acusou hoje os dissidentes recentes de terem usado o partido como "trampolim para chegarem a certos cargos políticos".

Comentando em conferência de imprensa em Lisboa a decisão da deputada Cristina Rodrigues de se demitir do partido e passar a deputada não inscrita, André Silva considerou que esta decisão não foi mais do que "a antecipação de um processo de inevitável retirada de confiança política".

O líder do PAN considerou "curioso que nenhum dos militantes que se demitiu nos últimos dias tenha abdicado dos cargos políticos remunerados que ocupam".

E ao não fazê-lo agora, tendo-se afastado do partido, limitam-se a "prosseguir interesses próprios e uma agenda pessoal".

Na declaração que fez na conferência de imprensa, André Silva disse que "nos últimos dias, sete elementos do partido saíram em conflito, contrariando lógicas de diálogo e de oposição democráticas saudáveis que, na verdade, são a base e o fruto daquilo que é a vida política e partidária".

Ora "estes elementos, que se concertaram para esta saída, escolheram não seguir internamente a via democrática de oposição". E "optaram antes pelo caminho mais fácil da saída e da acusação vazia, não reconhecendo nunca as suas responsabilidades".

André Silva prosseguiu dizendo que "as pessoas que agora saíram do partido fazem-no a arrepio do debate interno" e "fazem-no não obstante ocuparem cargos e lugares onde podiam, querendo, combater o que diziam estar errado".

Ou seja: "Fizeram-no, não sejamos ingénuos, porque estão mais preocupados consigo e com os seus interesses pessoais do que com as causas que nos motivam" e "fizeram-no porque não estão comprometidos com o partido".

Quanto a Cristina Rodrigues, "a deputada mostra, desde há algum tempo, que não convive bem com a democracia" e "exemplo disso é o facto de dizer que foi afastada da Comissão Política Permanente, à sua revelia, quando houve um processo eleitoral interno, ao qual optou não só por não se candidatar".

Além disso, "no seio do grupo parlamentar foram várias as vezes em que não participou em reuniões ou que se ausentou das mesmas, mostrando uma total falta de envolvimento no debate político interno". E assim "o processo de tomada de decisões decorria, muitas vezes, sem a presença da deputada, que sempre demonstrou falta de empenho e de interesse".

Para André Silva "na política, o ganhar escala traz dores de crescimento e mostra, por vezes, o melhor e o pior de algumas pessoas". "E infelizmente o PAN, como outros partidos ao longo da história da democracia portuguesa, não esteve imune a estes fenómenos", concluiu.