Orçamento da zona euro. Marcelo desvaloriza divergências Costa/Centeno

Enquanto participava num almoço de sem-abrigo em Lisboa, o Presidente comentou diversos pontos da atualidade política nacional.

O Presidente da República não dá relevância de maior às notícias de um conflito entre o primeiro-ministro e o seu ministro das Finanças (embora na qualidade de presidente do Eurogrupo) por causa do orçamento 2021-2027 da zona euro (BICC, sigla inglesa de Instrumento Orçamental para a Convergência e Competitividade).

Falando com jornalistas no refeitório do Metropolitano de Lisboa, onde participou, mais uma vez, no almoço de Natal dos sem-abrigo organizado pelo CASA (Centro de Apoio ao Sem-Abrigo), Marcelo Rebelo de Sousa disse que Mário Centeno se limitou a ser, enquanto presidente do Eurogrupo, "porta-voz da maioria, mesmo que não concorde" com essa maioria.

"Mário Centeno não disse aquilo por gosto" e já António Costa está "completamente livre" para expressar sem constrangimentos a posição do Governo português, explicou o Presidente da República - explicando que ele próprio muitas vezes, enquanto presidente de uma assembleia municipal, teve de ser porta-voz de posições maioritárias que não eram necessariamente as suas.

OE2020. "É preciso ir mais longe"

O primeiro-ministro rejeita o BICC 2021-2027 argumentando que favorece os países mais ricos da UE - começando pela Alemanha - em desfavor dos que necessitam de mais apoios para convergir com o desenvolvimento médio da zona euro, como Portugal.

Marcelo falou também do Orçamento do Estado do próximo ano (OE2020) - que ontem foi aprovado no Conselho de Ministros e amanhã será entregue no Parlamento.

"É preciso ir mais longe em áreas como a saúde, a reforma da administração pública, a justiça e na ultrapassagem das desigualdades entre portugueses."

Embora dizendo que é um documento que "não comenta antes de conhecer", o PR disse que "é preciso ir mais longe em áreas como a saúde, a reforma da administração pública, a justiça e na ultrapassagem das desigualdades entre portugueses".

Além disso, "é preciso criar condições para haver mais investimento, para que haja criação de mais riqueza e mais crescimento", com atenção também às áreas da segurança e da Defesa". "É isso que vamos ver se é possível", disse.

Desilusão com a COP25

O Presidente da República comentou também os resultados da Cimeira do Clima da ONU (COP25), que terminou esta manhã em Madrid, dois dias depois do previsto, com conclusões genericamente consideradas pouco ou nada ambiciosas (falhando, por exemplo, um entendimento sobre as regras dos mercados internacionais de carbono).

"O acordo não foi tão longe quanto se esperava", reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa, ao mesmo tempo que salientava o contraste entre a prioridade que se dá na Europa às questões das alterações climáticas e o que não se dá noutras partes do mundo (EUA, Brasil, África foram os exemplos referidos).

Estando num almoço de Natal com sem-abrigo, o Presidente salientou que "o poder político está cada vez mais atento" - um elogio porque "esta é uma realidade que não se pode esconder". Sublinhou, ao mesmo tempo, que a sua atenção ao problema não é de hoje: "Não apareço só nos dias de Natal."

[em atualização]

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