Luís Montenegro: "Sou candidato às próximas eleições diretas"

Em entrevista à SIC, Luís Montenegro assumiu-se como candidato à direção do PSD e desafiou Rui Rio a recandidatar-se. O antigo líder social-democrata quer tornar o partido "o maior dos grandes" e admitiu alianças com CDS, Iniciativa Liberal e Aliança, mas rejeitou aproximação ao Chega.
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Luís Montenegro assumiu esta quinta-feira que é candidato às eleições diretas para a liderança do PSD e desafiou Rui Rio, o atual presidente do partida, a recandidatar-se para que os sociais democratas saiam desse processo "com mais pujança" e assim poder "assumir-se verdadeiramente como alternativa ao PS".

O antigo líder da bancada parlamentar considera que "o PSD tornou-se subalterno do PS" e assume que o resultado obtido nas últimas eleições legislativas é "mau" e é "resultado de uma estratégia política que falhou", garantindo que o primeiro-ministro António Costa "era batível". No plano estratégico de Montenegro estão possíveis alianças com CDS, Iniciativa Liberal e Aliança, mas deixou a garantia que o Chega está fora desse leque.

Luís Montenegro deixou ainda a garantia que o facto de ser arguido no processo dos bilhetes para os jogos do Euro 2016 não o limita nos seus direitos cívicos e políticos: "Não cometi nenhum crime."

A corrida à liderança do PSD

"O resultado de domingo foi mau, que não tínhamos há 36 anos. É resultado de estratégia politica que falhou. Atendendo a isso, cada um de nós tem de assumir as suas responsabilidades. Sou candidato às próximas eleições diretas por coerência e convicção. Acho que Rui Rio também devia ser candidato. Ele deve avaliar se deve ou não ser candidato para que o partido saia com mais pujança e assumir-se verdadeiramente como alternativa ao PS."

Os apoios que espera

"Não tenho guerra pessoal com Rui Rio. O PSD transformou-se em partido subalterno do PS, não podemos estar constantemente a reclamar reformas com o PS. Temos de ter vida própria. O PS nunca quis acertar reformas estruturais com o PSD e até fez contra reformas com os partidos da esquerda. O PSD deve deixar de insistir nessa subalternidade e deve construir as suas próprias propostas e apresentá-las ao país".

PSD evitou a maioria absoluta do PS

"Desta vez o nosso eleitorado não fugiu para o PS. E é grave porque não conseguimos captar os votantes. Se tivéssemos feito o que Rui Rio fez nas últimas três semanas durante todo o ano o resultado teria sido melhor. O doutor António Costa era batível nestas eleições. Quero coesão, união e uma liderança e um projeto comum. Por isso estou disponível de integrar pessoas no conselho político com ideias diferentes das minhas, e até do lado de Rui Rio. Nós somos um partido do centro e do centro direita, somos um partido liberal e social, temos de estar abertos a temas liderantes no passado e podemos ser no futuro."

Estratégia comum à direita

"Quero um PSD grande, temos de ser o maior dos grandes. E esse objetivo pressupõe alianças políticas e preferencialmente com diálogo com o CDS, Iniciativa Liberal, Aliança, mas o chega não porque não tem projeto compatível."

Arguido no caso dos bilhetes do Euro

"Não cometi nenhum crime. Há um inquérito aberto há três anos para saber como fui ao Euro. Não vou deixar de exercer os meus direitos cívicos e político por causa disso. Se for acusado, vou usar todos os meios de defesa. O que está em causa é a obtenção ilícita de vantagem, mas fui a expensas próprias ver os jogos do Euro 2016. Não me sinto minimamente limitado por isso. Mesmo que me tivessem sido oferecidas viagens, que não foram, não estava a incorrer num crime."

Rosto do passado

"Estive ao lado de Pedro Passos Coelho a recuperar a credibilidade do país. Mas quem está aqui sou eu e só respondo por mim. Como tal, quero que me vejam com as minhas convicções, o meu projeto político e com a minha forma de agregar as pessoas em torno de um projeto."

Qualidades de Liderança

"Posso concluir que tenho algumas qualidades de liderança, mas se não achasse que podia fazer melhor que os outros não me candidatava. Não sei se são qualidades inatas, pois não acredito em homens providenciais. Tenho qualidades e defeitos como todos os seres humanos, mas tenho energia e capacidade para liderar o PSD e torná-lo num partido maioritário para dar mais bem-estar à vida das pessoas."

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