Deputados só podem ser escoltados se estiver em causa a sua segurança
Secretário geral do parlamento esclareceu em que circunstâncias a GNR pode intervir. Antes disso, o assessor de Joacine Katar Moreira pediu no Twitter que "larguem o osso", mas ao DN garantiu que a guarda foi convocada para garantir que um documentário sobre a deputada do Livre não era constantemente interrompido por jornalistas.
"Começou tudo com a desinformação nas redes sociais", diz o assessor da deputada do Livre sobre a polémica sobre o facto de ter sido chamada segurança para apoiar a deputada, que estava a ser interpelada pelos jornalistas sobre o atraso na entrega do projeto de Lei da Nacionalidade. Rafael Esteves Martins garante que a GNR, no caso um agente à paisana, só foi chamada porque estava a ser filmado um documentário sobre a deputada no Salão Nobre da Assembleia da República e estava constantemente a ser interrompido.
"Estávamos constantemente a ser interrompidos, depois de eu ter dito aos jornalistas que a deputada não queria falar sobre os assuntos que estavam a ser pedidos", diz o assessor, acrescentando que, no mesmo dia, um jornalista entrou pelo gabinete a "exigir" falar com a deputada. "Liguei para a portaria para saber se esta era uma prática no Parlamento, mas foi-me dito que os procedimentos não são esses. Seja como for, mesmo que seja uma prática de décadas não vamos trabalhar dessa maneira".
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Mas presidente da Assembleia da República pediu explicações sobre a escolta policial, noticia a TSF. Ferro Rodrigues contactou o secretário-geral do parlamento para esclarecer o caso. Albino Azevedo Soares esclareceu que "os jornalistas podem falar com os deputados quando querem e aquele é um lugar autorizado" e que um pedido de escolta nunca deve acontecer, exceto se a integridade física de um deputado estiver em risco.
Os elementos da GNR "só podem intervir quando estiver em causa a segurança dos senhores deputados", disse à agência Lusa o secretário-geral da Assembleia da República, Albino Azevedo Soares, ao abordar o caso da aparente "escolta" de Joacine Katar Moreira, na terça-feira, por um graduado da GNR até à saída do Palácio de S. Bento, quando estava a ser questionada por um jornalista da SIC.
A pedido do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o secretário-geral solicitou aos serviços de segurança do parlamento para explicarem o caso da aparente escolta de Joacine e do seu assessor, Rafael Esteves Martins, nos corredores de S. Bento, que a Sic reproduziu nos seus noticiários de terça-feira.
Albino Azevedo Soares disse que uma situação semelhante "nunca se verificou", pelo que esclareceu os serviços que só podem intervir "quando estiver em causa a segurança" dos deputados. Quanto ao ocorrido, Azevedo Soares reproduziu o que lhe foi relatado pelos serviços de segurança da Assembleia. Joacine Katar Moreira estava a dar uma entrevista à televisão do Qatar Al-Jazira nos Passos Perdidos da AR e apercebeu-se que vários jornalistas portugueses estavam à sua espera nas proximidades.
Como não pretendia fazer declarações aos jornalistas portugueses, o assessor de Joacine "pediu ao serviço de segurança para acompanhar a deputada" porque esta não queria fazer declarações aos jornalistas portugueses. Um graduado da GNR foi então "destacado para acompanhar" Joacine até à saída do palácio, relatou.
Mas além das redes sociais, os jornalistas da RTP e SIC garantiram que Joacine Katar Moreira, depois de não ter respondido a perguntas no interior do parlamento sobre o atraso no projeto de alteração da Lei da Nacionalidade, foi escoltada por um segurança para afastar a comunicação social.
Rafael Esteves Martins justifica que "se a deputada ficasse embargada no edifício principal da Assembleia da República, ainda mais tarde submeteria o projeto de lei da Nacionalidade".
No Twitter, o assessor foi mais crítico para a comunicação social, tendo mesmo afirmado que "o trabalho jornalístico é precário, mal pago, sujeito a desordens mentais". e rematava que "isto não é sobre 'os' jornalistas , isto é sobre a mercantilização da informação".
A deputada do Livre tem estado envolvida em várias polémicas depois de se ter abstido num voto de condenação da ocupação istrelita em Gaza e de ter, aparentemente, falhado o prazo estabelecido pelo parlamento para a entrada de projeto de lei da nacionalidade do Livre, uma das bandeiras do partido.
Com Lusa