"Formalizei a minha demissão no passado dia 19 de junho em conversa com o presidente [do PSD, Rui Rio] e, no dia 20, formalizei a minha renúncia por escrito", disse ao Público Castro Almeida, numa notícia publicada ao final da tarde na edição 'online' do jornal..A Lusa tentou contactar Manuel Castro Almeida, sem sucesso, tal como o gabinete de imprensa do PSD..O jornal Público já tinha noticiado hoje que Castro Almeida manifestara, por diversas vezes, ao presidente do PSD, Rui Rio, o seu descontentamento com o rumo do partido, antes até das eleições europeias de 26 de maio..Fonte próxima da direção do PSD disse à Lusa que o antigo autarca deixou de comparecer às reuniões da Comissão Permanente e da Comissão Política Nacional há cerca de um mês e que, perante esta situação "insustentável", foi proposto a Castro Almeida que fosse feita a sua substituição de uma forma menos prejudicial ao partido a três meses das eleições..No entanto, segundo a mesma fonte, a resposta a esta proposta "coincidiu" com a publicação da notícia de hoje no jornal Público, pelo que o ex-vice-presidente deverá ser substituído em breve, embora qualquer novo nome da equipa dirigente social-democrata tenha de ser ratificado em Conselho Nacional, que ocorrerá no final de julho..Manuel Castro Almeida era um dos seis vice-presidentes de Rui Rio, a par de David Justino, Elina Fraga, Isabel Meirelles, Nuno Morais Sarmento e Salvador Malheiro..Esta é a segunda baixa na direção de Rui Rio desde a sua eleição em Congresso em fevereiro de 2018, mas a primeira a dever-se a divergências políticas..Apenas um mês depois do Congresso, o então secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, demitiu-se, depois de notícias relacionadas com irregularidades na sua licenciatura e dúvidas sobre subsídios que recebia enquanto deputado..Manuel Castro Almeida foi presidente da Câmara de São João da Madeira (Aveiro) entre 2001 e 2013 e secretário de Estado do Desenvolvimento Regional no anterior Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho..Na direção de Rui Rio, assinou em representação do PSD um acordo com o Governo sobre fundos comunitários, cujo objetivo era que Portugal não perdesse fundos no próximo quadro europeu..No seu comentário semanal, na SIC, o ex-líder do PSD Luís Marques Mendes - próximo de Castro Almeida - disse não ter falado com o antigo autarca antes da sua demissão e não conhecer ainda "as verdadeiras razões" da saída, afirmando ter sabido da notícia pela comunicação social..Ainda assim, classificou a saída de Castro Almeida como "um ato de coragem" -- dizendo ser precisa mais coragem para sair do que para ficar, quando se discorda -- e considerou que devem ter sido "razões muito fortes", apontando a relação "muito longa pessoal e política" que o antigo autarca tinha com Rui Rio..Na rede social Facebook, durante a tarde, a presidente das Mulheres Sociais-Democratas, Lina Lopes, tinha classificado a demissão de Castro Almeida como "um frete ao arauto dominical das desgraças do PSD".."Esta demissão é a salvação de última hora para o comentador que, de outra forma, não poderia deixar de se limitar a elogiar o rasgo e a coragem demonstradas por Rui Rio nas nomeações para cabeças de lista do PSD", escreveu Lina Lopes, numa referência implícita a Marques Mendes, verbalizando uma crítica repetida à Lusa por outros dirigentes sociais-democratas que não quiseram ser identificados..A notícia da demissão de Castro Almeida é conhecida no final de uma semana em que Rui Rio anunciou os primeiros dez cabeças de lista do PSD às legislativas -- nomes inéditos para os círculos de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Leiria, Beja, Castelo Branco, Setúbal e Santarém -- e revelou o cenário macroeconómico que enquadra o programa eleitoral do partido, que prevê uma redução de 3,7 mil milhões de euros na carga fiscal na próxima legislatura..Em fevereiro, numa entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, Manuel Castro Almeida afirmava que, se os sociais-democratas não vencerem as próximas legislativas, será por "culpa própria" e por incompetência.."O cenário em que trabalho é o cenário em que o PSD vai vencer. Está ao nosso alcance. (...) Depende de nós. Se não o fizermos é porque somos incompetentes. Se o PSD não ganhar as eleições é por culpa própria, porque o Governo está a fazer o necessário para as perder. O Governo enganou-se no ciclo político (...) e está em ciclo descendente", afirmou então.