Só dois votaram contra a defesa de Robles. E nenhum foi Fazenda
Há uma guerra surda que se abriu no Bloco de Esquerda depois de conhecida a renúncia de Ricardo Robles, nesta segunda-feira de manhã, horas depois de chegar às bancas o jornal i, no qual Luís Fazenda sugeria que o Bloco tinha de "tirar conclusões" com este caso.
O comunicado da comissão política do BE a defender Ricardo Robles só mereceu a contestação interna dos "eleitos da moção R", de acordo com um comunicado divulgado no Facebook.
Apenas Samuel Cardoso e Carlos Carujo (que substituiu Catarina Príncipe nessa reunião) votaram contra a posição da direção, apurou o DN.
Luís Fazenda não se opôs à defesa ensaiada pela direção bloquista da posição de Ricardo Robles na sexta-feira à noite. Não se absteve nem votou contra e tomou a palavra, apesar de não ter sido possível apurar o teor dessa intervenção. O DN não conseguiu até ao momento falar com o fundador e antigo deputado do partido.
Na minuta da reunião de 27 de julho de 2018, disponível no site do BE, lê-se que "estiveram presentes Catarina Martins, Jorge Costa, Samuel Cardoso, Conceição Peralta, Isabel Pires, Joana Mortágua, Fabian Figueiredo, Patrícia Barreira, Beatriz Gomes Dias, Luís Monteiro, Luís Fazenda, Maria Manuel Rola, Pedro Soares, José Soeiro e José Gusmão e Mariana Mortágua" e que "participaram ainda Pedro Filipe Soares, por videoconferência, Carlos Carujo, em substituição de Catarina Príncipe, e, como convidados, Adelino Fortunato e Ricardo Robles".
De acordo com esse documento, "a reunião teve como ponto único da ordem de trabalhos a análise da situação política", na qual "intervieram Catarina Martins, Ricardo Robles, Samuel Cardoso, Luís Fazenda, Adelino Fortunato, Pedro Soares, Conceição Peralta, Jorge Costa, Fabian Figueiredo, Beatriz Gomes Dias, José Soeiro, Pedro Filipe Soares, Joana Mortágua, Patrícia Barreira, Carlos Carujo, José Gusmão, Maria Manuel Rola, Isabel Pires". O texto final que garante que Robles tem "legitimidade" para continuar vereador "foi aprovado", "com dois votos contra e zero abstenções".
Para os eleitos da moção opositora, a R, "apesar dos aproveitamentos políticos escabrosos e de várias mentiras que se misturaram pelo meio das histórias que se foram contando sobre isto, não se pode reduzir estes factos a um 'ataque da direita' ou a 'fake news'". E acrescentaram: "Pensamos que não se pode cometer o erro de subavaliar o tremendo impacto desta conduta, afetando não só o trabalho político realizado no concelho de Lisboa e a capacidade do BE de defender nacionalmente uma política anticapitalista de habitação, mas também a imagem do conjunto do BE."
Portal de transparência para bloquistas
Criticando "a gestão política deste processo pela maioria da direção do partido" como "desastrada" e que deixou "fragilizado o partido", os eleitos da moção R defenderam que "este caso volta a alertar-nos para a necessidade de transparência absoluta na política e em particular num partido anticapitalista", pelo que defenderam "que o BE deve criar na internet um portal da transparência no qual deveriam constar propriedades e registos de interesses de dirigentes e membros do partido que ocupem lugares públicos de destaque, doações de dirigentes e deputados/as ao partido, salários de funcionários/as por categoria para além do conjunto integral das contas do partido".
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