Costa ignora Sócrates e faz promessas de amor à Madeira a pensar nas eleições regionais
Na rentrée do PS, em Porto Santo, e com os olhos postos nas legislativas de 6 de outubro, mas muito focado nas regionais da Madeira de 22 de setembro, António Costa prometeu melhorar as condições de vida dos madeirenses na justa medida em que o fará em todo o país. Repetiu as duas ideias com que parte para a campanha eleitoral, "contas certas" e "boa governação" para pedir à região autónoma, mas também ao continente, que "dêem mais força ao PS".
"Não pedimos um cheque em branco. Temos um programa de governo para a República e para a Madeira", garantiu o líder do PS e também primeiro-ministro. Que no discurso foi antecedido pelo cabeça de lista do PS às regionais da Madeira, o independente Paulo Cafofô. A quem prometeu ali daquele palco portosantense que irá discutir na primeira reunião pós eleições a Lei de Finanças Regionais e mais apoios comunitários à região autónoma.
Sem uma única palavra de ataque aos partidos de oposição, ou qualquer menção aos parceiros de parlamento, PCP e BE, que ajudaram a viabilizar a governação - nem sequer qualquer reação aos ataques que lhe dirigiu o antigo primeiro-ministro José Sócrates, este sábado, em artigo no Expresso -, António Costa enumerou de uma penada os desafios do seu programa de governo: tomar medidas contra as alterações climáticas, contrariar a tendência de baixa demografia, modernizar a economia e a administração pública, erradicar a pobreza e as desigualdades.
Para tanto, voltou à ideia de que a aposta nas "contas certas" é o caminho a seguir para atingir 10 anos de convergência com a União Europeia, com Portugal a crescer já mais do que a média da UE. O que não acontecia, lembrou, desde 2000. Costa sublinhou os orçamentos equilibrados e a "redução substancial" da dívida pública. "Não tivemos que fazer um enorme aumento de impostos e cortes nas pensões, bastou ter uma boa governação".
Para a Madeira, onde o PS quer agora conquistar o reinado do PSD há 40 anos, lembrou que no orçamento do Estado para 2019 já está prevista a redução da taxa de juro do empréstimo feito à Madeira e que já poupou 7 milhões de euros à região e que no final será atingirá os 100 milhões de euros. "A República quer justiça com a Madeira, não enriquecer com a Madeira".
Ainda para a região autónoma disse querer, tal como para o resto do país, aumentar o investimento público, melhorar a qualidade dos serviços, do ensino e dos transportes. A propósito frisou que a o governo da República irá pagar 50% dos custos de construção e de IVA do novo hospital da Madeira.
O líder socialista também não se esqueceu de uma palavra reforçada para os portugueses, na sua maioria madeirenses, que vivem na Venezuela. Para estes garantiu um reforço nas Forças Armadas para que haja toda a "solidariedade e proteção" a estes cidadãos nacionais. E sinal desse apoio às comunidades portuguesas é o facto do cabeça de lista do PS pelo círculo da Europa ser, nada mais nada menos, do que o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Um dos desafios estratégicos que elegeu foi o demográfico. Costa frisou que este combate não se faz só com medidas de apoio à natalidade, mas muito será pela criação de condições de confiança para que os jovens tenham "liberdade de constituir família e ter os filhos que desejarem". As melhores condições de estabilidade, asseguro, passam pelo trabalho e pela habitação. Com a nova legislação do trabalho acaba o facto de ser jovem para contratação a prazo. "Ser jovem não condena ninguém à precariedade laboral".
A redução das desigualdades mereceu também palavras do secretário-geral socialista - que até saltou em palco animado pelo entoar do comício " Costa amigo, a Madeira está contigo" - seja a do combate por salários igual entre homens e mulheres, seja o das crianças transexuais nas escolas.