O pedido de penhora da coleção de arte do madeirense Joe Berardo feita pela Caixa Geral de Depósitos, pelo BCP e pelo Novo Banco foi aceite pela justiça. As obras foram de seguida depositadas no Estado, como resultado das negociações entre os bancos e membros do Governo, avança o jornal Público..Neste processo terão participado o ministro das Finanças, Mário Centeno, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, o ministro-adjunto da Economia, Pedro Siza Vieira, e a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem. Os membros do Governo reuniram-se para pensar em formas de evitar que as obras da coleção não fossem vendidas e saíssem do país. A hipótese de nacionalização chegou a ser colocada em cima da mesa, mas afastada porque a lei obriga o Governo a indemnizar o colecionador de arte, avança ainda o Público..Em junho do mês passado, Berardo perdeu contas bancárias, ações, títulos, fundos de investimento e dois apartamentos avaliados em quatro milhões de euros. Tanto o arresto destes bens como das obras de arte da Fundação Joe Berardo são uma forma de saldar a dívida de 962 milhões de euros que o empresário português tem para com os três bancos..O acervo inicial de 862 obras foi avaliado em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's aquando da constituição da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea. A coleção, que irá continuar no Centro Cultural de Belém pelo menos até 2022, no âmbito de um acordo com o Estado, deverá valer atualmente mais de 500 milhões de euros, de acordo com especialistas do setor..BCP: "Não há nada que fique por fazer".O presidente executivo do BCP disse esta segunda-feira que "não há nada que fique por fazer" para cobrar dívidas, mas "dentro dos limites da lei e da ética", escusando-se a comentar notícias sobre o arresto da coleção Berardo.."Tudo faremos e fazemos para recuperar as dívidas ao BCP. Ponto final, parágrafo. E quando digo tudo, é tudo, dentro dos limites da lei e da ética. Não há nada que fique por fazer", disse Miguel Maya durante a apresentação de resultados semestrais do BCP (lucro de 169,8 milhões de euros), escusando-se a especificar casos concretos de clientes.."Acompanhamos todos os processos de uma forma muito intensa, não esperamos que as coisas aconteçam. Estamos a acompanhar tudo. Não comentamos é coisa nenhuma" disse Miguel Maya em reação à notícia do jornal Público..Questionado sobre se se reuniu com governantes, o gestor disse que o banco não comenta. "Não faço nenhum comentário sobre nada relativamente a conversas com o Governo, nem se tenho, nem se não tenho, nem das diligências", afirmou.