Governo catalão reúne com partidos portugueses no Parlamento

O governo autónomo da Catalunha inaugura esta quinta-feira uma delegação em Portugal e o secretário-geral dos Assuntos Externos aproveita para se reunir com os partidos na Assembleia da República, num momento em que Espanha discute o futuro daquela região.
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Alfred Bosch, conseller da Ação Externa do governo catalão encontra-se esta quinta-feira com os partidos na Assembleia da República. O PS, que também foi convidado, não tem nenhuma reunião agendada. Mas PSD, PCP e Bloco vão receber esta espécie de "ministro" dos Negócios Estrangeiros para "estreitar" relações bilaterais.

Na reunião, pelo PSD estará mesmo uma das vice-presidentes do partido, Isabel Meirelles, que tem a seu cargo as relações externas. No pedido de audiência, Alfred Bosch - que estará em Lisboa esta quinta e sexta-feira, com o presidente da Generalitat, Quim Torra - diz que a intenção dos encontros é a de fortalecer as relações entre Catalunha e Portugal, no que diz respeito à política, cultura, sociedade civil e também no âmbito empresarial. O PCP e o Bloco de Esquerda também o vão receber, em encontros em que também estarão presentes Mireia Borrell, secretária de Ação Externa e União Europeia, e Rui Reis, delegado do Governo da Catalunha em Portugal.

O PS não tinha esta quarta-feira agendada nenhuma reunião com este representante do governo independentista catalão. O que talvez se possa explicar pelo facto de o governo português se ter mantido sempre muito intransigente na defesa de uma Espanha unificada.

Estes encontros acontecem no preciso momento em que se sentaram pela primeira vez à mesa, desde a crise independentista, o governo catalão e o de Madrid para debater a situação política naquela região autonómica.

O governo espanhol e o da Catalunha tiveram em Madrid a primeira reunião da "mesa de diálogo" sobre o futuro daquela região.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o presidente do executivo regional, o independentista Quim Torra, partiram para o encontro com posições muito afastadas sobre o lugar que a Catalunha deve ocupar em Espanha.

Sánchez quer discutir alterações ao atual estatuto autonómico da Catalunha, dentro do respeito pela Constituição de Espanha que defende a unidade do país.

Por seu lado, Torra vai meter o acento tónico no "reconhecimento e exercício do direito à autodeterminação da Catalunha", e o "fim da repressão, amnistia e reparação", do qual faz parte a libertação do que chama serem "presos políticos".

Com a realização desta primeira reunião, Pedro Sánchez cumpre o compromisso negociado com o partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) de criar uma "mesa de diálogo" com o executivo regional, embora Quim Torra, que pertence a outro partido separatista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, aliado à ERC no governo catalão), olhe com desconfiança para este instrumento de resolução do conflito catalão.

O primeiro-ministro espanhol conseguiu ser reconduzido em meados de janeiro, depois de negociar a criação desta "mesa de diálogo" com a ERC, que agora está a disputar a liderança do movimento separatista com o JxCat do presidente regional.

A comunidade autónoma da Catalunha tem um forte movimento separatista, tendo os partidos independentistas assumido a direção do Governo regional desde 2015 em eleições sucessivas.

Os políticos catalães que organizaram um referendo ilegal sobre a autodeterminação da região foram julgados no ano passado e estão a cumprir penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, por crimes de sedição e/ou má gestão de fundos públicos.

Um grupo de independentistas está fugido no estrangeiro não tendo ainda sido julgados, entre eles o ex-presidente do executivo catalão Carles Puigdemont, que está na Bélgica, e foi eleito deputado do Parlamento Europeu.

Com Lusa

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