Europeias. Rangel pede a Costa para ter "serenidade e elevação"
O sol era intenso e o calor tórrido no exterior da Fundação Champalimaud, mas o cabeça de lista do PSD às eleições europeias decidiu responder às acusações de António Costa de que anda a fazer "uma campanha suja", depois de ter sobrevoado de helicóptero a zona dos fatídicos incêndios do ano passado, em temperatura mais baixa: "Dou-lhe um conselho para combater a abstenção é preciso serenidade e elevação". Paulo Rangel ainda acusou o líder do PS e primeiro-ministro de ser "infantil" ao reduzir o debate político a estas questões.
Rodeado por alguns companheiros da lista às europeias, Rangel ripostou ainda contra a acusação reiterada de Costa de que não tem trabalho visível no Parlamento Europeu, apesar de ter cumprido dois mandatos de cinco anos. "O candidato do PS como ministro é que deixou tudo por fazer", garantiu numa farpa a Pedro Marques. Que disse manter a ambiguidade se irá mesmo cumprir o seu mandato como eurodeputado ou se estas eleições de 26 de maio são apenas uma rampa de lançamento para ser a escolha do PS para comissário europeu.
Num dia de iniciativas em Lisboa, em que contará ao final da tarde com a presença do líder do PSD, Rangel estava na Fundação Champalimaud para dar visibilidade à sua proposta eleitoral de um programa europeu de combate ao cancro, em que a instituição liderada por Leonor Beleza é pioneira ao casar a investigação com o tratamento dos doentes. Um forte investimento no combate à doença, garantiu o candidato, tem do ponto de vista económico "um efeito multiplicador" e permitirá "reduzir para metade o número de cancros na próxima metade do século".
O facto de Leonor Beleza não ter acompanhado Rangel ao exterior da Fundação, embora com ela tenha reunido, foi explicado de modo simples: "A dr. Leonor Beleza está aqui na qualidade de presidente da Fundação e não deve ser associada a nenhuma das candidaturas". Mas.. "Não há dúvidas sobre a sua filiação partidária", disse ainda o candidato sobre a antiga ministra da Saúde de Cavaco Silva.
Leonor não esteve presente, mas Nunes Liberato, antigo chefe da Casa Civil de Cavaco Silva e agora assessor da Fundação, acompanhou a visita, que contou também com a presença do líder da distrital de Lisboa do PSD, Pedro Pinto, e outros membros da lista do PSD às europeias, como Lídia Pereira e Carlos Coelho.
Aproveitaram também a boleia da visita, um conjunto de investigadores que lançaram o manifesto Ciência 2018 e que estão a apresentá-lo a todos os candidatos às eleições de 26 de maio. Com as câmaras e os microfones ligados, Paulo Rangel deu a palavra a uma das representantes da comunidade científica portuguesa, Margarida Amaral, sabendo que dali vinham críticas ao modo como o governo tem gerido este setor. "Pedimos algum respeito pela comunidade científica e estabilidade para que não se desmoronem os alicerces da ciência em Portugal".
Entre outras coisas, os investigadores pedem financiamento previsível, recursos humanos e uma política de carreiras, um "simplex" para a ciência, autonomia política e financeira da Fundação para a Ciência e Tecnologia e isenção de IVA para a ciência.