Catarina Martins diz que compromisso de Mário Centeno é fazer Orçamento Suplementar
A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou esta quinta-feira que o compromisso do ministro das Finanças é elaborar o Orçamento Suplementar, que será apresentado em junho, mas remeteu para o primeiro-ministro esclarecimentos sobre o futuro de Mário Centeno.
Catarina Martins deixou esta referência sobre Mário Centeno em declarações aos jornalistas, após ter sido recebida pelo primeiro-ministro, António Costa, em São Bento.
"Tanto quanto me é dado a perceber, Mário Centeno irá fazer Orçamento Suplementar. Será esse o compromisso que tem. Mas o mais importante é travar injeções [financeiras] para a Lone Star, travar os bónus no Novo Banco e proteger o erário público", declarou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Questionada se tem indicações de que o ministro de Estado e das Finanças não vai continuar no Governo após a discussão e votação do Orçamento Suplementar na Assembleia da República, Catarina Martins respondeu: "Julgo que devem fazer essa pergunta ao Governo".
"Considero lamentáveis as declarações de que o primeiro-ministro seria irresponsável por pretender uma auditoria antes de se injetar mais dinheiro na Lone Star. Irresponsável, seguramente, é continuar a injetar dinheiro num acionista privado do Novo Banco, que faz o que bem lhe apetece e não presta contas ao país", contrapôs.
Sobre a questão da transferência de 850 milhões de euros do Estado para o fundo de resolução, tendo em vista a recapitalização do Novo Banco - tema várias vezes levantado pelo Bloco de Esquerda no parlamento -, Catarina Martins considerou que, "no enredo" entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, "é desadequado que se multipliquem os pedidos de desculpa sobre falhas de comunicação" no Governo.
"Mas não há pedidos de desculpa sobre o grave erro de se entregar mais dinheiro à Lone Star sem uma auditoria. O Bloco de Esquerda sempre se opôs aos termos do contrato e às injeções financeiras no Novo Banco. Dissemos que corríamos o risco de colocar dinheiro para favorecer um acionista privado, com as suas manobras para usar o máximo da garantia pública", frisou.
Ora, segundo Catarina Martins, o primeiro-ministro acabou por "dar razão" ao Bloco de Esquerda, "dizendo que era preciso uma auditoria e que não podia existir mais injeções financeiras sem o resultado dessa mesma auditoria".
"Depois, o ministro das Finanças veio dizer que querer a auditoria antes da injeção financeira seria irresponsável. Mas irresponsável é dar 3,9 mil milhões de euros dos contribuintes portugueses à Lone Star", insistiu.