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Poder
20 abril 2019 às 21h33

Basta prevê mais investimento na campanha do que o CDS

A coligação liderada por André Ventura aparece com uma previsão de angariação para as eleições europeias de maio que supera a soma dos valores angariados por todos os outros partidos, totalizando 400 mil euros.

Jorge Félix Cardoso

Apesar de, nas últimas semanas, vários líderes partidários terem desvalorizado a importância destas eleições europeias, o valor total de receitas orçamentado pelos partidos para campanha totaliza 4,9 milhões de euros. Os orçamentos de cada campanha são públicos e estão disponibilizados na página da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.

Sem surpresas, os quatro maiores orçamentos pertencem, respetivamente, a PS, CDU, PSD e BE. Dentro destes quatro partidos, as subvenções públicas atribuídas constituem a maior parcela do orçamento. Em quinto e sexto lugar, porém, dois "recém-chegados": a coligação Basta, liderada por André Ventura, tem meio milhão de euros orçamentados e o Aliança 350 mil euros previstos (provenientes de uma subvenção pública que só virá a ser atribuída se conseguir eleger, pelo menos, um eurodeputado). O CDS-PP, que tem representação no Parlamento Europeu e ao qual as sondagens atribuem entre um e dois eurodeputados, surge em sétimo com um orçamento de 315 mil euros.

Se olharmos aos valores conseguidos através de angariação de fundos, a coligação Basta aparece com uma previsão de angariação que supera a soma dos valores angariados por todos os outros partidos, totalizando 400 mil euros. Em segundo lugar, mas muito afastado, surge o Partido Socialista. A angariação de fundos obedece a regras bem delimitadas e não pode ser feita através de donativos anónimos.

Todos os partidos orçamentam contas equilibradas para a campanha, com exceção de um: o PDR, que tem como cabeça-de-lista o eurodeputado António Marinho e Pinto, tem um défice de 20 mil euros orçamentado.

Nestas eleições europeias há sensivelmente meio milhão de euros adicional orçamentado para as campanhas em relação ao total de 2014. É preciso salientar, no entanto, que os valores orçamentados raramente correspondem ao valor que é apurado no final das campanhas, com um padrão claro a notar-se em 2014: os partidos "grandes" suborçamentam e os partidos "pequenos" sobreorçamentam. Nesse sentido, será interessante perceber quais serão os valores reais das contas de Basta e Aliança, dois movimentos políticos recém-chegados mas que apresentam valores que competem com os dos maiores partidos. Na última eleição, os partidos que compõem a coligação Basta orçamentaram mais de 400 mil euros, mas no final apresentaram receitas no valor de menos de seis mil euros. Em sentido contrário, tanto PSD como PS acabaram a declarar mais meio milhão de euros cada um relativamente ao valor orçamentado.

No final da campanha os partidos são obrigados a prestar contas das suas receitas e despesas de forma pública, altura em que será possível apurar as fontes de financiamento.