Assis demite-se de cargo europeu. PS garante não ter nada a ver com o assunto
Francisco Assis enviou uma carta de demissão do cargo de coordenador da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana depois de ter sido impedido de participar num debate de urgência do PE sobre a Venezuela, realizado terça-feira. A notícia, entretanto confirmada pelo DN, foi avançada pelo Observador.
Na carta, a que o DN teve acesso, Assis diz que a sua "dignidade parlamentar e pessoal" foi posta em causa" por "inexplicavelmente" foi impedido de participar no debate sobre aquele tema, sem que lhe tenha sido apresentada uma explicação "plausível".
Segundo o Observador, no debate, quando o eurodeputado socialista pediu para falar, o grupo parlamentar a que pertencem os eurodeputados do PS não lhe deu autorização, alegando que não se tinha inscrito para falar - algo que, de acordo com fonte próxima de Francisco Assis, nunca tinha acontecido até agora. "Considero tal facto ofensivo da minha dignidade parlamentar e pessoal, pelo que, para a devida salvaguarda da mesma, venho apresentar a demissão das funções de coordenador dos Socialistas & Democratas no EUROLAT, com efeitos imediatos", escreveu ainda.
Já Ana Gomes veio criticar os argumentos usados pelo seu colega de bancada. Para a eurodeputada, "Assis não foi impedido falar [pelo PS e pelo S&D]". E explicou a sua versão do factos, num tweet publicado na sua conta.
"[A] questão é se pediu [para] falar - pedindo, obviamente devia ter falado no tempo alocado [ao] Grupo. Eu pedi e foi-me dado 1 min", começou por explicar a socialista. "Se não, poderia ainda ter usado o «catch the eye» [para] falar", atirou Ana Gomes, referindo-se a "uma forma de intervenção em sessão plenária que", como explica o site do Parlamento Europeu, "resulta de uma contribuição adicional feita de forma espontânea durante o debate que decorre no hemiciclo, e não da inscrição prévia de um membro na lista de oradores".
Na sua carta de demissão, Assis recorda ainda que enquanto coordenador do grupo acompanhou "tudo o que de perto se passa com a América Latina, assim como tudo o que tem a ver com a relação entre esta região do mundo e a UE". Afirma ainda que "até à presente data participei ativamente em todos os debates levados a cabo neste Parlamento sobre a situação vivida na Venezuela".
O grupo parlamentar do PS no Parlamento Europeu garantiu ao DN que "não houve qualquer instrução da delegação no sentido do eurodeputado não falar".
Francisco Assis, que encabeçou a lista do PS nas europeias de 2014, não integra agora o elenco de candidatos socialistas ao Parlamento Europeu.
[notícia atualizada às 15.00 com a informação sobre a eurodeputada Ana Gomes]