António Costa: "Não quero o PS de mãos atadas"
António Costa avisou esta sexta-feira que o que está em causa nas eleições legislativas do próximo domingo é "saber" se os socialistas ficam "com as mãos atadas ou com a força e capacidade necessárias" para governar por mais quatro anos. É um pedido mal disfarçado de maioria absoluta.
Falando no tradicional almoço da Trindade, em Lisboa, antes da descida do Chiado (e de uma viagem de comboio para o Porto, onde fará o comício de encerramento), o secretário-geral do PS garantiu que "em democracia nunca há um governo com mãos livres" - numa farpa aos seus parceiros parlamentares de esquerda - porque existe o "escrutínio" da comunicação social e da justiça, mas também a vigilância do Parlamento e, num regime como o português, do Presidente da República. Ou seja, e só faltou dizer preto no branco: a maioria absoluta não é má.
A questão, atirou Costa, "não é saber" se os socialistas têm as "mãos livres ou não". E o líder do PS voltou a apresentar-se como o voto de moderação, apontando à esquerda e à direita. "Comigo e com o PS, não haverá radicalismos, mas comigo e com o PS também não voltaremos a andar para trás no que conquistámos ao longo destes quatro anos", defendeu.
"Não são as sondagens que ganham", insistiu. "Por um voto se ganha e por um voto se perde", atirou, pedindo um executivo que governe durante toda a legislatura e não apenas "para os próximos dois anos".
Costa insistiu na necessidade dos socialistas não baixarem os braços desta sexta-feira até domingo, sem se fiarem em sondagens mais ou menos boas. O líder do PS revelou que Ferro Rodrigues comentou com ele, durante o almoço, que os socialistas já almoçaram na Trindade com "sondagens piores".
Também o atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e líder do PS lisboeta, Duarte Cordeiro, deixou um apelo à mobilização: ""Temos de dizer a todos que é mesmo importante ir votar, todos os votos contam." E rematou: "Não vamos dar nenhum resultado por garantido."
Quem também interveio foi Helena Roseta, que se apresentou como independente no apoio ao PS de António Costa. Apontando baterias ao CDS, Helena Roseta afirmou que na última legislatura a "geringonça" lutou "para mudar leis iníquas na área da habitação, herdadas do governo da direita". "A direita não nos acompanhou". E lembrando os "dramas individuais", que Assunção Cristas terá esquecido, Roseta atirou: "Longe vão os tempos em que os democrata-cristãos acreditavam na doutrina social da Igreja."