Açores. PSD tem 24 horas para conseguir apoio do IL e do PAN. Chega dividido

O cenário de eleições antecipadas nos Açores continua a pairar. Nem PS nem PSD ainda têm apoios suficientes para convencer o Representante da República na região a deixá-los formar governo.
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Um dos dois deputados eleitos pelo Chega nos Açores, partido fundamental, para que seja possível viabilizar um governo de coligação PSD, CDS e PPM, está em rota de colisão com o líder do partido, André Ventura, e quer dar apoio à geringonça de direita. Mas mesmo que passe a independente não basta. José Manuel Bolieiro, líder dos sociais-democratas açorianos, tem 24 horas, as que faltam para se encontrar com o Representante da República na região, para convencer o PAN e o Iniciativa Liberal, cada um com um deputado regional eleito, para apresentar uma proposta de governo "estável" a Pedro Catarino.

E é assim neste xadrez complexo que se movimentam os bastidores políticos nos Açores e que mostram que ainda está tudo em aberto, incluindo a possibilidade de voltarem a ter que ser marcadas novas eleições regionais. Tanto mais que o PS de Vasco Cordeiro, com 25 mandatos, só continua a ter seguro o voto do Bloco de Esquerda, com dois mandatos, o que não lhe dá maioria capaz de viabilizar um programa de governo.

A divisão no Chega veio facilita mais o trabalho a Bolieiro na tentativa de ainda encontrar uma solução para a geringonça que quer formar com CDS e PPM. Enquanto do continente, André Ventura profetiza eleições antecipadas nos Açores devido à ingovernabilidade e dá por "suspensas" as negociações com o PSD a quem quer "obrigar", sem sucesso, a entrar no processo de revisão constitucional que desencadeou. O líder do Chega admitiu esta quarta-feira abrir mão da polémica medida da castração química dos pedófilos a bem do consenso, mas parece não ter chegado para Rui Rio aceitar mais conversações.

"Ou chegamos a um ponto de ingovernabilidade, quer na região, quer na República, ou começam a perceber que têm de se sentar à mesa com o Chega e têm de falar como falam com outros partidos. O PSD está com medo de ser acusado pelo PS e pela extrema-esquerda de estar a falar com o Chega, mas se não falarem vão falar com quem?", questionou Ventura, no parlamento.

Citaçãocitacao"Ou chegamos a um ponto de ingovernabilidade, quer na região, quer na República, ou começam a perceber que têm de se sentar à mesa com o Chega e têm de falar como falam com outros partidos. O PSD está com medo de ser acusado pelo PS e pela extrema-esquerda de estar a falar com o Chega, mas se não falarem vão falar com quem?"

"Estamos abertos à negociação. Ou conseguimos convergir na segunda ou terça-feira ou vamos ter novas eleições nos Açores", afirmou André Ventura, no parlamento, lamentando a "diabolização" do seu partido. E Para já, "o Chega dará indicações aos seus deputados para que não se comprometam com nenhuma solução, nem da parte do PS nem do PSD".

Só que o presidente do Chega Açores e um dos deputados eleitos, Carlos Furtado, mantém que quer dar o seu apoio a um governo à direita e que não é tempo para dar por encerrada a negociação com os sociais-democratas. Ventura avisou Carlos Furtado de que quem não respeitar as orientações da direção nacional pode perder a confiança política do Chega. Em declarações ao Expresso, na quarta-feira ao final do dia, declarou que retiraria a confiança política aos dois eleitos pelo Chega nos Açores caso houvesse um acordo no arquipélago sem a luz verde de Lisboa. "A eles como a quaisquer outros que entrassem em colisão com aquilo que o partido defende. Ou se conhece a nossa identidade e o nosso ADN ou vamos tornar-nos um partido muleta do regime", disse.

O segundo deputado eleito pelo partido nos Açores, José Pacheco, está sintonizado com André Ventura, ao contrário de Furtado. E há esperança no PSD que Carlos Furtado acabe mesmo por bater com a porta ao Chega e assuma o estatuto de independente na Assembleia Legislativa Regional. O que a acontecer facilitaria o apoio do PAN, que fez saber que nunca daria luz verde a um governo suportado pelo Chega, e do Iniciativa Liberal. Os tais 29 deputados são precisos para uma maioria parlamentar.

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