Harvey Weinstein, o produtor no centro do escândalo de abusos sexuais de Hollywood, terá contratado um "exército de espiões", incluindo antigos agentes da Mossad, para impedir que as alegadas vítimas viessem a público acusá-lo e dar conta das agressões e assédio..A notícia foi avançada pela New Yorker, que investigou os esforços do homem forte de Hollywood: no outono de 2016, Weinstein contratou várias agências de segurança privadas, entre as quais a Black Cube, que é gerida maioritariamente por ex-agentes dos serviços secretos israelitas..A revista New Yorker escreve mesmo que dois investigadores da Black Cube se encontraram com a atriz Rose McGowan, que viria a acusar publicamente o produtor de Hollywood de violação..Ao longo de todo o ano que antecedeu o rebentar da polémica, Weinstein e a equipa que constituiu terão recolhido informações sobre dezenas de pessoas, compilando perfis nos quais constavam detalhes íntimos, com os quais o produtor contava desacreditar e intimidar as mulheres que pretendiam acusá-lo - nesta altura, as polícias de Londres, Nova Iorque e Los Angeles têm em curso investigações que resultam das denúncias de mais de 90 mulheres..A New Yorker acrescenta ainda que uma das investigadores contratadas pelo produtor, que foi entretanto despedido da empresa que fundou, gravou secretamente quatro encontros com a atriz Rose McGowan, enquanto fingia ser ativista pelos direitos das mulheres, e nas conversas procurou obter nomes de outras alegadas vítimas no sentido de as conseguir silenciar..Os agentes assumiram identidades falsas também para se encontrarem com jornalistas que estavam a investigar as acusações a Weinstein, e uma investigadora terá mesmo tentado uma reunião com Ronan Farrow, o jornalista da New Yorker que escreveu sobre 13 acusações a Weinstein de abusos sexuais no mês passado e é o autor da investigação publicada ontem na revista norte-americana..A Academia de Televisão dos Estados Unidos expulsou na passada segunda-feira Harvey Weinstein, em resposta às dezenas de acusações de abuso e assédio sexual que vieram a público nas últimas semanas contra o produtor. Num comunicado de imprensa, a academia condenou os exemplos generalizados de "comportamento horrível" do produtor, e manifestou o seu apoio a todos os que estão a "erguer a voz contra o assédio em todas as suas formas"..A Academia de Televisão, que todos os anos entrega os prémios Emmy, também disse estar "determinada" a proteger todos os profissionais do pequeno ecrã contra este tipo de conduta..A decisão da Academia de Televisão junta-se a outra da Academia de Hollywood, organizadora dos Oscares, que expulsou o produtor em meados de outubro..O sindicato de produtores de Hollywood (PGA, na sigla em inglês) também iniciou o processo para expulsar Weinstein, mas o produtor decidiu não esperar a decisão final e saiu da instituição..O escândalo em torno de Weinstein incentivou várias vítimas do mundo do espetáculo a denunciarem diferentes casos de abuso e assédio sexual. Entre os acusados estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, e os cineastas Brett Ratner e James Toback.